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Amy

(Amy, GBR/EUA, 2015)

Gênero
Direção: Asif Kapadia
Roteiro: Asif Kapadia
Duração: 128 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

No dia 23 de julho de 2011, o mundo perdeu uma de suas vozes mais marcantes. Amy Winehouse, que com seu estilo vocal, reviveu antigas divas do jazz e transformou o gênero musical em algo único com suas composições e interpretações, foi encontrada morta por seu segurança, após uma curta vida de excessos, frustrações e um sucesso repentino com o qual não soube lidar.

Com uma mãe que se autodeclara permissiva, um pai equivocado e uma paixão avassaladora e codependente por alguém que também tinha problemas com drogas, acompanhamos a deterioração de Amy, enfeiada pelos comentários gerais sobre ela. A impressão que fica é a de que, acuada no meio de tanta exposição e, de certo modo, sozinha, ela optasse pela felicidade efêmera do álcool e das drogas pesadas que usava sem parcimônia.

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Com um trabalho de pesquisa realmente impressionante, Asif Kapadia (Senna) traz à telona a vida de Amy desde seus primeiros passos na carreira, quando ela nem pensava em ser uma cantora de verdade. Mesmo conhecendo uma boa parte da história, já que era alvo preferencial dos paparazzi e de críticas de todo o mundo por seus problemas de saúde, a transformação de menina boba e brincalhona, como toda adolescente, em estrela de sucesso um tanto deprimida consegue chocar ainda mais.

Kapadia consegue reunir um material riquíssimo, com vários vídeos feitos por amigos, pelo ex-marido Blake Fielder-Civil e pela família de todas as fases da vida da cantora. Os depoimentos de pessoas próximas, sempre sobrepostos por imagens de arquivo, aproximam o espectador da personagem documentada, dando a ela uma humanidade que foi esquecida por muitos enquanto ainda estava viva.

Além disso, o diretor mescla muito bem a recuperação do material com as canções por ela compostas, em interpretações inesquecíveis, e sempre bem encaixadas ao momento contado.

Porém, o filme tem um quê de invasão de privacidade que incomoda. Como se, em determinado momento, precisasse fazer o que todos fizeram com ela, expondo-a além do necessário, com fotos e vídeos de momentos deprimentes, que foram visto antes e não acrescentam tanto assim ao documentário, já que a simples degradação física já daria conta de passar o recado..

Mas é uma escolha válida do diretor, já que cada um conta a sua história da maneira que acha que precisa ser contada, e foram fatos que realmente aconteceram.

Amy supreende pelo trabalho de pesquisa e por guardar um pouco de uma das maiores cantoras dos últimos tempos, onde a repetição, a pausterização e o pouco significado imperam na indústria da música. Pena que ela partiu cedo demais.

Um Grande Momento:
Tony Bennett.

Oscar-logo2Oscar 2016 (indicações)
Melhor Documentário

Amy_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=_2yCIwmNuLE[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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