- Gênero: Drama
- Direção: Phil Connell
- Roteiro: Phil Connell, Genevieve Scott
- Elenco: Cloris Leachman, Andrew Bushell, Sheldon McIntosh, Thomas Duplessie, Mark Caven
- Duração: 90 minutos
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Muitas vezes filmes têm uma mensagem de fácil identificação, com propostas muito claras e corretas, mas não conseguem criar uma real conexão com aqueles que o assistem. Sejam barreiras estéticas, de atuação ou mesmo um desenvolvimento superficial do roteiro, há vários elementos que nos descolam das tramas, que são assistidas, assimiladas, mas não conseguem ser sentidas à plenitude. No Ritmo da Vida, de de longas de Phil Connell é um desses títulos.
O longa conta a história de Justin/Fishy Falters, uma drag que acabou seu casamento e busca um novo caminho, e de Margaret, uma idosa que não tem mais condições de estar sozinha e não vê mais caminhos para si. Neto e avó, em seus momentos opostos, se reencontram no meio de suas duas jornadas. O interesse que surge pelas condições naturais e pelo que elas causariam em uma vida compartilhada por ambos — ou pelo menos pelo tempo que passarem juntos — é genuíno, mas ele vai se perdendo ao longo do roteiro assinado pelo próprio diretor e por Genevieve Scott. Tudo porque, por mais que traga temas e situações tocantes, não se aprofunda verdadeiramente.
Há ainda o problema com diálogos pouco envolventes e um desequilíbrio de dedicação aos personagens, o que contraria o próprio modo como o filme se apresenta, com uma primeira cena tensa, muito bem desenhada, e a posterior mescla sonora dos ambientes e realidades de Justin e Margaret. Da solidão para o tumulto da boate Peekers, No Ritmo da Vida demora segundos para começar a demonstrar suas fraquezas. Connell, ao lado do diretor de fotografia Viktor Cahoj, passa a tentar impressionar com tomadas que julga inventivas, principalmente nos momentos mais performáticos do longa, e expõe uma artificialidade problemática.
O desacerto também está nas atuações. Thomas Duplessie demora um tempo até se adequar ao personagem, mas poucas vezes parece estar realmente à vontade com aquilo que faz. Em outro polo está Cloris Leachman, falecida em janeiro de 2021 e a quem o filme é dedicado, em uma atuação que funciona muito mais quando não tem que dividir o espaço com outros companheiros de cena. Oscarizada por sua participação em A Última Sessão de Cinema e com títulos como Butch Cassidy, O Jovem Frankestein e Alta Ansiedade, entre muitos outros na filmografia, ela é, de longe, a mais eficiente na função e o desequilíbrio é mais uma das questões que distanciam do filme.
No Ritmo da Vida segue então dessa maneira distanciada, com uma boa ideia de contraposição de vidas, em uma história que se vê de longe, mas não cativa verdadeiramente. Há pontos positivos, como o modo como foca a atenção nas aspirações e desejos daquelas duas pessoas, dando à narrativa um ponto que a faça prosseguir. Além disso, mesmo que o drama da família não ganhe força, é sempre bom ver representações LGBTQIA+ que fujam dos clichês familiares, de sofrimento e rejeição, em narrativas que estão mais preocupadas com a humanidade dos personagens. Pena que tudo é muito menos envolvente do que histórias sobre a liberdade deveriam ser.
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