- Gênero: Romance, Drama
- Direção: Joaquín Llamas
- Roteiro: Victoria Vinuesa
- Elenco: Virginia Gardner, Alex Aiono, Rob Estes, Eowyn Nyby Krieger, Marjorie Glantz, Alex Astor-Fabra
- Duração: 90 minutos
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De tempos em tempos, o cinema/streaming precisa (quer dizer, precisar, não precisa… mas ‘aparece’ né?) de um novo “drama teen com drama exacerbado envolvendo doença”, que nas últimas décadas se tornou o companheiro ideal de quem não consegue viver sem um lencinho nas mãos. O sucesso da vez está na Netflix e atende pelo nome de Nos Vemos em Vênus, que não deixa nada a dever aos melhores exemplares do ramo. Lembro do clássico Love Story, que criou o movimento há 50 anos atrás, vindo até o recente sucesso de A Culpa é das Estrelas; entre um e outro, tantos similares surgiram. E como podem ver, o público segue pedindo por mais, ainda que se trate de uma fórmula que, assim como tal, se repete quase em repetição profissional.
Dessa vez, a obra é comandada por Joaquín Llamas, sendo esse seu primeiro título falado em inglês, embora passado na Espanha. Ele não é muito adepto de linguagem que não seja seriada, e tem nesse Nos Vemos em Vênus um dos raros longas de uma carreira repleta de séries onde temas adolescentes são a profusão. Isso faz dele um especialista na idade ou no tema? É uma área de pesquisa desde que começou sua carreira, há mais de 20 anos. A julgar pelo atual sucesso, podemos dizer que ele atende ao que o público quer ver, sua sensibilidade está em compreender exatamente que esse lugar ainda pode ser visitado em diferentes graus de satisfação do “cliente”; pra mim, o resultado é dentro da média.
O casal de protagonistas muito expressivo é vivido por Virginia Gardner (de A Queda) e Alex Aiono, um cantor transformado em ator que vem fazendo algumas coisas, como a nova versão da série Pretty Little Liars. Eles funcionam muito bem juntos, e esse tipo de química decide mais de metade de uma produção como Nos Vemos em Vênus. A verdade é que trata-se de mais um desses filmes onde, independente do amor que sentem um pelo outro, o que ambos sentem mesmo é uma melancolia forte e uma tristeza profunda, baseada em traumas específicos. Ele sobreviveu sem arranhões a um desastre de carro onde um outro rapaz morreu, e ela é uma menina que foi abandonada ainda criança e precisa reencontrar a mãe para descobrir o porquê dessa rejeição.
Aí o desenvolvimento segue o previsto: ela é amável, e ele um poço de amargura. Enquanto ela procura o afeto e a aceitação, ele só quer ficar sozinho com seus demônios. Ela então entabula uma viagem de 10 dias para a costa espanhola e arrasta ele junto, que vai se abrir enfim durante essa jornada de busca e aceitação, inclusive de entender a necessidade de viver o luto. Nos Vemos em Vênus foi feito para um público certo, que não apenas procura por esse tipo de material, como vibra com cada reviravolta previamente estabelecida em produções assim. E a verdade é que o filme funciona para o que se propõe, ainda que os coadjuvantes pareçam muito unidimensionais e não apresentem nenhum contraponto que faça os protagonistas avançarem.
Especificamente, um ponto me chamou bastante atenção, e que é algo que não se sobressai nesse tipo de produção. Os figurinos usados por Gardner são das coisas mais bonitinhas e inspiradoras, imagino que as meninas da idade dela devem ficar muito encantadas com o que é apresentado. O trabalho de Alberto Luna é de uma delicadeza sem par, e verdadeiramente marcam a produção, deixando Nos Vemos em Vênus com o astral que deve ter para a ideia que precisa – exalar juventude, um aspecto solar dentro de uma temática não exatamente positivada, e que vista os personagens com adequação. Seria algo que eu jamais imaginaria elogiar em um produto como esse, mas taí a surpresa da sessão. Ao lado da paisagem belíssima espanhola e do casal carismático, o combo cheio de prazer culpado está completo.
Um grande momento
Quando o título do filme é dito