(O Abismo Prateado, BRA, 2011)
Direção: Karim Ainouz
Elenco: Alessandra Negrini, Thiago Martins, Gabi Pereira, Camila Amado, Luisa Arraes, Milton Gonçalves, Sérgio Guizé, Otto Jr., Carla Ribas
Roteiro: Beatriz Bracher
Duração: 83 min.
Nota: 6
O mar. Sua força, sua fúria e sua soberania. Sonoro, revolto, determinado e marcante, ele toma conta da tela para introduzir O Abismo Prateado e representar uma dor tão arrebatadora quando o quebrar incessante de ondas. A dor do fim, do abandono. O despertar para uma vida que é completamente diferente daquela que você vivera até então.
Livremente inspirado em uma das mais belas canções sobre o fim de um relacionamento, Olhos nos Olhos de Chico Buarque, o novo filme de Karim Aïnouz sabe chegar a essa sensação de abandono de maneira precisa e acerta ainda mais ao relacionar aquele turbilhão de sentimentos a uma vida exterior que simplesmente continua acontecendo independente do que acontece na particularidade de cada um.
Aqui de Violeta, uma dentista que precisa entender e aceitar o abandono de seu marido, que resolveu ir embora deixando apenas uma mensagem no telefone celular. Em seu desespero ela precisa acompanha seu mundo desmoronando e tenta desesperadamente encontrar um lugar onde possa sentir, já que o mundo não vai parar para ouvi-la.
Essa primeira parte do filme é tão autêntica em seu retrato que qualquer pessoa que tenha passado por alguma desilusão ou perda vai se reconhecer em algum momento. O jogo entre o que está sendo construído e consertado e aquela mulher em frangalhos é muito bem elaborado e sabe usar imagens, sons e música para causar essa identificação.
Apesar do excelente começo o filme acaba se perdendo um pouco quando tenta despersonalizar o sofrimento e insere novos personagens na história. Essa mudança acaba frustrando um pouco aqueles que estavam entregues à primeira parte do longa e afasta o filme para uma versão muito pessoal do diretor da famosa música de Chico.
Alessandra Negrini está ótima como Violeta e aparece bem acompanhada por Thiago Pereira e pela jovem atriz Gabi Pereira, que estão bem em seus personagens e compõe as outras desilusões e perdas do filme. Outro destaque é a fotografia maravilhosa do conhecidamente competente Mauro Pinheiro Jr., que tem em sua filmografia filmes como Sudoeste, Os Famosos e os Duendes da Morte e As Melhores Coisas do Mundo.
No mais, O Abismo Prateado é um filme belo e competente sobre essa dor que todo mundo sente um dia. Mas que deveria ter se mantido em toda a imensidão de seu início, tão melhor relacionada com o sentimento. Poderia ter sido ainda mais arrebatador.
Um Grande Momento:
Na construção.
Links
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