Crítica | FestivalMostra de Tiradentes

O Animal Sonhado

(O Animal Sonhado, BRA, 2015)

Drama
Direção: Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima, Victor Costa Lopes
Elenco: Bio Falcão, Kardec Miramez, Jorge Polo, Thiago Andrade, Rayssa Pessoa, Alice Silva, Luciana Vieira, Pry Vom Paumgartten, Aluísio Barbosa Filho, Armando Praça, Tatiana Barbosa, Rityelle Dartanhã, Patrícia Crispí, Keka Abrantes, Manoela Cavalcanti, Nádia Fabrici, Rodrigo Fernandes, Glauco Leandro, Dario Oliveira, Nataly Rocha, Júnior Martins
Roteiro: Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima, Victor Costa Lopes
Duração: 79 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

O Animal Sonhado é um filme sobre o desejo em seu estado mais puro. Como se víssemos na tela a concretização daqueles instintos naturais que levariam o animal homem a uma busca incessante do prazer sexual.

Tem os amigos que dão vazão ao tesão que sentem um pelo outro; o sexo na juventude, que se entrega aos desejos sem nenhum esforço ou não consegue se relacionar muito bem; o sonho de sentir uma satisfação quase sexual por outra coisa que não o sexo; o sexo casual; o incesto; a traição; a suruba. Sexo para todos os gostos e estilos, numa sucessão de realizações que estamos pouco acostumados a ver no cinema.

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Produto coletivo, dirigido por seis diretores diferentes, o que mais impressiona no longa-metragem é a fluidez do resultado final. A transição entre as histórias contadas é sutil e o conjunto apresenta uma homogeneidade impressionante. Resultado do trabalho de montagem de Guto Parente e, claro, da intimidade e sintonia de ideias dos realizadores.

Outra coisa que chama a atenção é a forma como o sexo é filmado. Apesar de estar presente na maioria das produções cinematográficas dos últimos anos, há certo tabu na abordagem, um distanciamento que esfria aquilo que está sendo visto. Durante todo o longa-metragem, o filme tenta seguir o caminho oposto.

Claro que, apesar de toda a suavidade na transição, do equilíbrio do resultado e de sua ousadia, o filme tem uma diferença saudável entre seus episódios. Seja em atuações, enquadramentos e ritmo, há sempre alguma coisa que se destaca em um ou outro segmento.

Há, inclusive, um dos episódios que parece se destacar dos demais em um primeiro momento. Mas uma análise mais apurada demonstra, na verdade, que o que afasta o espectador – a maioria, pelo menos – é o tema do segmento. É como se ninguém quisesse ver aquilo, ou mesmo filmar aquilo. Curiosamente, a repulsa gera o estranhamento e a resistência, algo que não acontece – com a maioria dos espectadores – nos outros episódios.

Curiosa realização dos instintos e desejos humanos, O Animal Sonhado é um daqueles filmes que vai te perturbar, vai deixar imagens gravadas na sua cabeça, mas vai valer a viagem.

Um Grande Momento:

Academia.

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[18ª Mostra de Tiradentes]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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