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O Corvo

(The Raven, EUA/HUN/ESP, 2012)

Suspense
Direção: James McTeigue
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson, Kevin McNally, Oliver Jackson-Cohen, Jimmy Yuill, Sam Hazeldine, Pam Ferris, Brendan Coyle
Roteiro: Ben Livingston, Hannah Shakespeare
Duração: 110 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

História de detetive a La Sherlock Holmes (infelizmente sem Robert Downey Jr.), “brincadeirinhas” e armadilhas de Jogos Mortais, clima tenso do século 19 de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Só o que faltou foi alguma motivação mais filosófica para cada crime cometido, como acontece em Seven.

Não que O Corvo seja uma cópia dos filmes citados e tampouco ultrapassará o sucesso deles. Para quem assistiu a todos, fica praticamente impossível deixar de lembrá-los durante a projeção. O longa coloca o célebre e mórbido escritor Edgar Allan Poe como um detetive improvisado, ajudando a polícia a desvendar uma série de crimes pra lá de horrendos. E por que Poe? Porque o assassino utiliza dos crimes narrados em seus contos e os transfere do fictício para o mundo real.

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Edgar Allan Poe foi um dos principais autores de histórias policiais e de terror do seu tempo (e o é até hoje). Porém, mesmo uma mente brilhante capaz de criar textos tão fantásticos, tem seus problemas: viciado em bebida, o escritor faleceu muito cedo, em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos. Ele foi encontrado em uma rua de Baltimore em total estado de delirium tremens, não falando coisa com coisa. Há relatos que contam que suas últimas palavras foram “está tudo acabado: Eddy já não existe” e um nome: “Reynolds”. E é baseado neste seu triste e louco final que O Corvo se desdobra; tendo John Cusack encarnando o genial escritor e com uma aparência física que muito se assemelha à do escritor.

O longa começa um tanto frio, tendo o trabalho de explicar a quem não conhece Edgar Allan Poe os seus problemas com a bebida, suas inúmeras dívidas e as dificuldades em ter seus textos reconhecidos e publicados. Depois do primeiro e chocante crime, as coisas começam a ficar mais quentes e só não esfriam novamente porque, de Sherlock improvisado, Poe se sai melhor do que a desnorteada polícia comandada pelo detetive Fields (Luke Evans), que mais parece o Dr. Watson da história (só que sem o poder de dedução). Quando Emily (interpretada por Alice Eve) – a musa inspiradora e amor do escritor –, é raptada pelo assassino (que, diga-se de passagem, não tem a menor criatividade), o escritor se empenha ainda mais para achar o criminoso que parece desafiá-lo.

O Poe criado pelos roteiristas Ben Livingston e Hannah Shakespeare tem a mania de repetir para si mesmo a parte do conto a que cabe o crime. E ele também é carregado de humor negro e ironia, que é uma das marcas de sua literatura. Só é uma pena que estas cenas não sejam melhor exploradas… muito corridas, deixam os contos soltos no ar, podendo passar despercebidos para os espectadores menos atentos. Um pouco da culpa é da direção de James McTeigue, de V de Vingança: que se utiliza do mesmo cenário bucólico de V e muitas tomadas focando o sangue das gargantas cortadas. Não precisava tanto para assumir a alcunha de thriller. Mas, já que está lá…

Quem conhece as obras de Edgar Allan Poe pode se sentir decepcionado. Quem não conhece, não vai passar a conhecer graças ao filme. Melhor procurar a livraria mais próxima. Mas O Corvo é tão intrigante quanto o seu personagem Edgar Allan Poe e está longe de ser um filme ruim. Resta saber se o escritor gostaria de se ver como um “de repente detetive”, beberrão e na pindaíba. Nunca saberemos…

Um Grande Momento

O suntuoso e tenso baile de máscaras.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=541Xtz4U8HY[/youtube]

Jack Sabino

Jack Sabino, como gosta de ser chamada, é natural de Belo Horizonte, pacata capital mineira. Feliz pela tradição regional do aconchego da família, desde cedo entende sua virtude em firmar raízes e faz da leitura e escrita sua válvula de escape. Cinéfila assumida, seu amor pelo cinema surgiu após assistir, numa bela madrugada, as cenas do inesquecível E o vento levou. Daí em diante, não desgrudou seus olhos das telonas, e, com seu hábito corriqueiro da escrita, começou a tecer suas impressões sobre os filmes que assistia.
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