(The Ghost Writter, FRA/ALE/GBR, 2010)
Direção: Roman Polanski
Elenco: Ewan McGregor, Jon Bernthal, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, James Belushi, Olivia Williams, Timothy Hutton, Tom Wilkinson, Eli Wallach
Roteiro: Robert Harris (livro), Roman Polanski
Duração: 123 min.
Nota: 9
É muito mais fácil achar nas salas de cinema ou nas prateleiras das locadoras títulos previsíveis e que não consigam despertar muita curiosidade do que títulos que realmente provoquem reflexões e aquela agonia pelos acontecimentos que virão a seguir.
Enquanto alguns desses diretores aventureiros acertam poucas vezes, sobra ao público arriscar-se entre produções esperando tirar a sorte grande. Ou, em casos mais raros e sempre mais garantidos, esperar que alguém que realmente domine a arte do suspense resolva presentear o mundo com mais uma obra.
O Escritor Fantasma é um desses presentes. Ao retornar ao gênero, o sempre sensacional Roman Polanski, criador de obras que transcendem a tela e ganham vida na mente de seus espectadores, prova que a intimidade com a manipulação dos sentimentos é mesmo o que faz a diferença nessas horas.
No filme, acompanhamos a investigação de um homem que acabara de ser contratado como escritor fantasma do ex-primeiro ministro britânico e está prestes a publicar suas memórias em uma “auto”-biografia. A vaga para o emprego surgiu depois que o primeiro escritor contratado foi encontrado morto em uma praia próxima à casa do político.
Assim que o tal fantasma começa a revisar o texto e a fazer suas primeiras anotações, o trabalho no livro precisa ser suspenso, pois o político é acusado de envolvimento com crimes de guerra, como tortura de prisioneiros, na Corte Internacional de Justiça.
A trama é cheia de detalhes e reviravoltas e lembra, propositalmente, acontecimentos históricos recentes. Impossível, por exemplo, não associar as ações do ex-primeiro ministro Adam Lang a Tony Blair e seu apoio bélico a George Bush na invasão ao Iraque.
O isolamento quase absoluto das pessoas públicas e a presença constante da televisão, como uma espécie de ponte entre essas e o mundo, também estão lá.
Entre muitas informações e pequenas brincadeiras, como o nome do protagonista, Polanski constrói uma trama tensa e vai envolvendo aos poucos o espectador, que vai juntando os detalhes tentar chegar onde o escritor precisa para entender o que realmente aconteceu.
O clima de tensão ganha muito com a trilha sonora de Alexandre Desplat. Este que seja talvez o seu melhor trabalho consegue ser sutil, provocante e na medida certa, mesmo estando sempre presente.
O elenco é um atrativo à parte. Ewan McGregor está perfeito como o protagonista. Cativante, ele consegue mesclar a curiosidade e ingenuidade do personagem.
Pierce Brosnan, Kim Cattrall, James Belushi, Olivia Williams, Timothy Hutton, Tom Wilkinson e Eli Wallach também brilham no longa.
Por ser Polanski e com muitas coisas a serem descobertas, O Escritor Fantasma é uma daquelas viagens obrigatórias e que não perdem a graça quando feitas mais de uma vez.
Fundamental na filmografia dos que gostam de um bom suspense e sofrem com o falta de títulos de qualidade no mercado.
Mais um detalhe curioso do filme: enquanto o ex-primeiro ministro não pode nem pensar em deixar os Estados Unidos, por ser um dos poucos países no mundo que não reconhece a Corte Internacional e, assim, seus crimes de guerra; o diretor, Roman Polanski está a muitos anos sem poder pisar em solo estadunidense, condenado por estupro de uma menor de 13 anos.
Um Grande Momento
O final.
Filmaço. Um dos melhores do ao, principalmente nesse ano de vacas magras.
Abs!
Nossa, já estava ansioso para conferir esse filme, agora então… Parece ser um dos melhores dentre os que foram lançados em 2010 até o momento.