Suspense
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Stephen Lang, Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Emma Bercovici, Franciska Töröcsik, Christian Zagia, Katia Bokor, Sergej Onopko
Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues
Duração: 88 min.
Nota: 7
Há diretores que conseguem manipular o suspense de maneira impressionante. No hall de nomes mais conhecidos, um vem chamando a atenção depois de seus dois primeiros longas-metragens. Depois da bem sucedida estreia com o remake de A Morte do Demônio, um filme tecnicamente complexo, Fede Alvarez traz às telas O Homem nas Trevas.
O filme conta a história de um trio de amigos de Detroit que assalta casas. O objetivo é juntar dinheiro para deixar o estado e se mudar para Califórnia. O facilitador nos roubos é o fato de um dos jovens ser filho do vigilante de uma firma de segurança doméstica.
Um dia, um deles recebe a dica de um grande assalto. Uma casa situada em uma região abandonada, onde mora um veterano de guerra cego que acabara de receber uma volumosa indenização pela morte da filha em um atropelamento.
O filme faz um jogo moral interessante na definição do protagonismo, porém a história não é das mais elaboradas, com um roteiro é cheio de furos e situações forçadas, mas que pouco importam. Quem o assiste está tão envolvido pelo clima de tensão, que isso passa a ser irrelevante para a experiência.
Alvarez consegue manipular o tempo de cena até que cause no espectador a sensação de desespero e urgência. Embora até padeça de uma certa previsibilidade nas macro sequências, ninguém sabe prever muito bem o que acontecerá nos segundos seguintes a algum evento.
Trabalhando com o desconhecido, o diretor se sai bem tanto no uso do inesperado, em sustos e suspensões, quanto no uso de técnicas para criar um clima ainda mais sufocante. Desde um cachorro que surge sem avisar na janela do carro, até a simulação da escuridão, com direito a lentes de contato que realmente dificultavam a visão dos atores em ambientes escuros, tudo funciona muito bem e sem se entregar a repetições.
O filme conta com uma competente direção de fotografia do uruguaio Pedro Luque (O Silêncio do Céu) , principalmente nas cenas com pouca luz e na criação de sensações visuais. Além disso, há o potente trabalho na edição de som do quarteto Christopher Bonis, Trevor Gates, Joshua Adeniji e Bryan Parker com os ótimos efeitos sonoros. Tudo é tão calculado que O Homem nas Trevas consegue provocar um medo que não se vê nos tantos filmes de horror que existem por aí.
Das atuações, os dois jovens atores Jane Levy (Amigos para a Vida) e Dylan Minnette (Os Suspeitos) destacam-se do resto do elenco. Stephen Lang (Avatar), entretanto, como o veterano cego, não consegue equilibrar seu personagem. Embora impressione na figura visual construída, exagera no tom das pouco mais de 30 falas que tem.
Mas isso também não conta muito, já que Alvarez estabeleceu no começo que o importante ali era a sensação. E como ela funciona. Despertando apreensão, medo e até nojo, O Homem nas Trevas é daqueles filmes que sugam o espectador para dentro da tela.
Um Grande Momento:
No porão.
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