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O Homem que Não Estava Lá

(The Man Who Wasn’t There, EUA/ING, 2001)

Drama

Direção: Joel Coen, Ethan Coen

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Elenco: Billy Bob Thornton, Frances McDormand, Michael Badalucco, James Gandolfini, Scarlett Johansson, Tony Shalhoub

Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen

Duração: 116 min.

Minha Nota: 8/10

Uma mistura de Hitchcock, Lolita, OVNI’s e lavagem a seco. Isto é O Homem Que Não Estava Lá, escrito e dirigido por Joel Coen e seu irmão Ethan. O humor e a sensibilidade da dupla continuam inconfundíveis e dessa vez contam com a ajuda da sensacional fotografia de Roger Deakens e de um elenco pra lá de maravilhoso.

Ed Craner (Billy Bob Thornton) é o segundo barbeiro da barbearia de seu cunhado Frank (Michael Badalucco), onde só os dois trabalham. Sua esposa, Doris (Frances McDormand), é contadora da loja de magazine de Big Dave (James Gandolfini) e Ed desconfia que os dois tenham um caso.

O barbeiro acaba tentando se aproveitar do romance para conseguir o dinheiro que financiará sua lavanderia a seco. Tudo acaba em morte, prisão e muitos desencontros. É quando surge Freddy Riedenschneider (Tony Shalhoub), um advogado que fala rápido e divaga sobre filosofia.

O filme conta com todos os ingredientes típicos do cinema noir. Uma pessoa comum (quase menos do que o comum) acaba envolvendo-se em um crime e narra sua história aos espectadores. Uma mulher infiel e interessada em uma ascensão financeira, o humor negro, a ironia e a falta de sorte. Além de muito cigarro e da fotografia em preto-e-branco.

A vida de Ed caminha sempre para o fundo mas ele não deixa de se entusiasmar, como quando se interessa por Birdy Abundas (Scarllett Johansonn) e tenta se aproximar dela usando como desculpa um talento que não existe, ou quando fica interessado na lavagem a seco e torna-se sócio de Craighton Tolliver (Jon Polito), numa cena impagável.

Joel e Ethan Coen continuam a frente de seu tempo e de seu país. Demonstram isso quando conseguem transmitir tantos sentimentos através de seus filmes, quando conseguem falar da morte de modo tão delicado e sutil e quando nos permitem experiências, como essa, inesquecíveis.

Após os trailers de Blade II (com o caça-vampiros Wesley Snipes mais veloz e mais afiado do que nunca) e On The Line (com um rapaz que procura o amor de sua vida ao som de N’Sync), O Homem Que Não Estava Lá nos faz constatar algo interessante: sim! Existe vida inteligente em Hollywood!



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Oscar: Fotografia (Roger Deakens)

BAFTA: Fotografia (Roger Deakens)

Cannes: Direção (dividido com David Lynch por Cidade dos Sonhos), Palma de Ouro

César: Filme de Língua Estrangeira

Globo de Ouro: Filme de Drama, Ator (Billy Bob Thornton), Roteiro

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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