Comédia
Criador: Chuck Lorre
Temporada: 2-
Elenco: Michael Douglas, Alan Arkin, Sarah Baker, Nancy Travis
Duração média: 32 min.
Canal Netflix
O Método Kominsky, da Netflix, nos apresenta uma relação bastante íntima entre a vida e a morte, colocando a finitude como um meio libertador de se viver a vida, quase uma prática de Montaigne. Com humor ácido, o lado tragicômico de se envelhecer, perder pessoas queridas e se preocupar com sua própria saúde nos faz rir e nos emocionar, além de querer fazer caber mais aventuras e amores a serem vividos.
Sandy Kominsky (Michael Douglas) é um ator que apesar de ter tipo muito sucesso, há tempos está fora de cartaz e atualmente tem uma escola de atores. Quando seu melhor amigo e agente, Norman (Alan Arkin), perde a esposa, começa a dividir seu tempo entre a escola e a intensificação de sua relação com o amigo neste momento delicado. Assim, parece quase que se iniciar uma jornada existencial, quando ambos precisam encarar dilemas e relações antigas e novas.
Enquanto Norman precisa lidar com seu luto, outros assuntos também o perturbam trazendo temáticas delicadas à tona, que são tratadas de forma leve e bastante engraçada, como a filha viciada, a aposentadoria e seu olhar para a morte toda vez que morre um conhecido. Sandy, por sua vez, é bastante enrolado com dinheiro e com sua nova relação que se difere de todas as recentes que vinha tendo nos últimos tempos.
Além dos personagens cativantes (e profundos) e do roteiro que se apropria de temas complexos (mas que são comuns) que são tratados sem tabus, os diálogos são garantidores do espetáculo: longos, inteligentes, sinceros e sarcásticos, parecem trazer a acidez na voz de quem se libertou das trevas sociais (que apenas a expectativa de longevidade impõe), ao reconhecer que o fim existe, está perto, e não há como escapar.
A série apresenta o tempo todo a morte em diferentes perspectivas, trazendo a comédia para desmistificar nosso desejo constante de nos mantermos a uma boa distância dela. Muito se assemelha com a ideia passada em Filosofar é aprender a morrer de Michel Montaigner que defende que a morte nunca deve impedir a vida de ser vivida, além de advertir da importância de se ter uma educação para a morte, para poder encará-la com naturalidade, para que, assim, seja possível viver de forma livre do constante fantasma da finitude.
Um dos maiores acertos da Netflix é o repertório de frases estampáveis em qualquer tumblr ou camiseta, principalmente de Norman: It hurts to be human. It hurts like hell. And all the exploring in the world doesn’t make that hurt go away. Because being human and being hurt are the same damn thing. Tocante e hilário, O Método Kominsky é o tipo de história para quem quer algo consistente, esperto e muito bem contado, com uma temática desconfortante mas acima de tudo libertadora.
O melhor episódio
T01E08 – a viúva se apaixona.