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O Mistério da Ilha

(Sweetheart, EUA, 2019)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: J.D. Dillard
  • Roteiro: J.D. Dillard, Alex Hyner, Alex Theurer
  • Elenco: Kiersey Clemons, Emory Cohen, Hanna Mangan Lawrence, Andrew Crawford, Benedict Samuel
  • Duração: 82 minutos

Beira da praia. Um corpo inerte na areia. Não é uma abertura realmente original, assim como também não é original o que acontece em O Mistério da Ilha. Produção da Blumhouse, hoje uma das maiores do gênero terror, o filme é dirigido por J.D. Dillard e se organiza todo em um espaço de cena restrito.

A premissa é simples. O tal corpo não era um cadáver, mas sim a sobrevivente Jenn. Náufraga, ela acorda em uma ilha deserta. Seu único companheiro não resiste e a garota tem que se virar sozinha no lugar. Sem nenhuma preocupação em esconder suas inverossimilhanças em elipses ou qualquer outra coisa, o filme segue aquela trilha já batida de sobrevivência em lugares inóspitos.

Kiersey Clemons em O Mistério da Ilha

O roteiro, assinado pelo diretor ao lado de Alex Hyner e Alex Theurer, não se aproveita muito da solidão e do desbravamento, fazendo com que tudo se realize muito rápido. Em horas, qualquer atividade, por mais complexa que seja é aprendida e realizada. O suspense fica então para um monstro gigante que deixa marca de suas garras e destrói cadáveres.

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É isso que traz alguma graça ao filme, principalmente nas tentativas de Jenn de se proteger daquilo que não vê. Ponto sempre acertado no horror, o assustar com o não visto não decepciona, mas faltam realizadores que confiem nisso e Dillard é um deles. Quando assume a vontade de dar corpo e explicitar aquilo que dá medo, esvazia completamente qualquer lampejo de interesse em sua trama.

Kiersey Clemons em O Mistério da Ilha

Não que filmes de monstros não sejam interessantes, muitos são. Mas existe uma atenção a eles, uma admissão da abordagem que sempre prevalece à trama, algo que não ocorre, absolutamente, em O Mistério da Ilha. A busca pela ansiedade está tão diluída, perdida em eventos e situações externas, que o suspense não se estabelece.

É uma pena, porque O Mistério da Ilha tem potencial nas duas linhas que tenta seguir e acaba misturando. Há realmente ótimas cenas como a do tronco ou a de Jenn amarrada, mas isso não está nem perto de ser o suficiente para que o filme dê certo. 

Um Grande Momento
No tronco.

Ver “O Mistério da Ilha” no Telecine

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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