(Le tout nouveau testament, BEL/FRA/LUX, 2015)
Direção: Jaco Van Dormael
Elenco: Pili Groyne, Benoît Poelvoorde, Catherine Deneuve, François Damiens, Yolande Moreau, Laura Verlinden, Serge Larivière, Didier De Neck, Marco Lorenzini, Romain Gelin, Anna Tenta, Johan Heldenbergh, David Murgia, Gaspard Pauwels, Bilal Aya, Johan Leysen
Roteiro: Jaco Van Dormael, Thomas Gunzig
Duração: 113 min.
Nota: 6
Deus está vivo. Diferente do que dizem, não é brasileiro, é belga, e passa os seus dias bebendo cerveja, fumando cigarros e inventando contratempos e problemas para os humanos. Foi para isso que os criou e é assim que se diverte. Quando não está no computador em sua sala cheia de arquivos, esse Todo-Poderoso sádico e machista precisa conviver com a esposa, que ele não deixa sequer falar, e a filha adolescente, que começa a questioná-lo.
Depois de pegar algumas dicas com seu irmão J.C., que mora em uma imagem de gesso no quarto da garota, Ea resolve fazer alguma coisa para dar uma lição em seu pai. Depois de enviar mensagens à toda população avisando sobre o tempo de vida de cada um, ela parte em busca de novos apóstolos, para completar o trabalho iniciado pelo irmão.
É nesse universo de fábula, nessa quase subversão das escrituras, que o diretor Jaco Van Dormael apresenta seu O Novíssimo Testamento. Com uma história divertida, que não se intimida em se entregar ao humor escrachado, o filme aborda temas interessantes como machismo, medo, solidão, desejo e sonho. A maneira como trata a expectativa é sensacional. A partir do momento em que se sabe a data de morte, tudo muda, completamente, como se uma nova certeza excluísse o meio. E o gênero, embora siga na comédia, também tem momentos bem dramáticos.
Além do bom argumento e de toda criatividade, Van Dormael conta com um elenco de primeira linha, que reúne grandes nomes da comédia, como Benoît Poelvoorde, aqui um pouco acima do tom; François Damiens; Yolande Moreau, e a sempre maravilhosa Catherine Deneuve.
Nem tudo que a princípio causa curiosidade e diversão, porém, consegue se manter. A repetição na apresentação dos apóstolos, alguns exageros visuais e uma certa falta de objetividade acabam deixando o longa-metragem cansativo. O que faz com que ele chegue menos cativante ao seu literalmente apoteótico final.
Mas não deixa de ser um filme bastante interessante, que aborda de um jeito muito próprio a questão do feminino e masculino, e dessa influência invisível que invade a vida das pessoas com morais e regras. Além de estar cheio de momentos realmente inspirados, como Marc na mesa do jantar com a família depois de conhecer Aurélie, a dublagem do filme pornô, ou o filho dependente.
Um Grande Momento:
A mão no elevador.
Links
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