Crítica | Outras metragens

Ossos

(Ossos, BRA, 2014)
Experimental
Direção: Helena Ignez
Elenco: Amanda Freitas, Barbara Vida, Diego Salvador, Helena Ignez, Honorio Felix, Leuise Furtado, Luciana Rodrigues, Maria Isabel, Maria Vitoria, Michell Barros, Michelle Gandolphi, Sara Sintique, Thales Luz
Roteiro: Helena Ignez
Duração: 19 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Helena Ignez é uma das maiores atrizes do cinema brasileiro. No curta-metragem Ossos, além de também estar em cena, assina a direção. O projeto é resultado de uma oficina que ela ministrou na Universidade Federal do Ceará e onde transmitiu sua forma de perceber e transformar gestos e palavras em novas formas.

O grupo de alunos, entregue e eclético, assume o protagonismo da obra com fisicalidade e intromissões textuais aqui e ali. Todos em cena buscam desvendar o que é atuação, o que é ser ator. A liberdade de Helena está na criação estética e em cada um daqueles corpos que se misturam e se equilibram para compartilhar o espaço ocupado.

Inspirado em um texto de Tadeusz Kantor, o filme fala de criação e também do desprendimento, de como o tempo faz com que as pessoas se apaguem e como o ofício da atuação talvez esteja nesse lugar de resgate e reencontro, como uma classe distinta dentro de uma sociedade tão pasteurizada.

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Há imagem e há filosofia em Ossos. Lágrimas de sangue se misturam ao ser que incorpora outro ser enquanto limites desconhecidos interferem na vida de um e de outro; a elasticidade da criação performática se expande na mistura dos corpos, em imagens prolongadas ou nos movimentos combinados.

O modo como se estabelece a importância de estar – e viver – em grupo também é destacado no curta. O que se vê é um conjunção de existências diversas que, embora sejam extremadas, refletem o mundo fora da tela.

Ossos é um exercício poderoso e interessante, que mira no ator e em seu ofício, mas acerta na própria humanidade e na construção social. Em sua confusão de menos de 20 minutos, inclui e provoca, como a arte deve sempre fazer.

Um Grande Momento:
Os corpos na penumbra, como numa tela a óleo.

[19ª Goiânia Mostra Curtas]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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