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Paris 36

(Faubourg 36, FRA/ALE/CZE, 2008)

Christophe Barratier ficou conhecido com a direção do belo e sensível A Voz do Coração. Quatro anos depois, ele volta ao drama musical com o bonitinho, mas menos envolvente, Paris 36.

No subúrbio de Paris algumas pessoas têm suas vidas intimamente ligadas à casa de espetáculos Chansonia. Pigoil é o faz-tudo casado com a apresentadora infiel Viviane, com quem tem um filho, Jojo. Ela mantém casos com outros homens, entre eles Milou, amigo de longa data de seu marido.

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Outros amigos, como o comediante Jacky e o velho músico Monsieur TSF, estão sempre por perto, assim como o cruel Galapiat, que toma o lugar depois de uma festa de reveillon e tira a vida de todos dos trilhos.

A revitalização do local e a recuperação da guarda de seu filho, que fora obrigado a morar com a mãe depois de ser flagrado mendigando nas ruas, tomam conta da vida de Pigoil e seus antigos amigos, que redescobrem a alegria de viver.

A história é fofa e conta com bons personagens, mas o filme perde muito do seu charme por sempre causar a impressão de que tudo está tão certinho no lugar, distante de qualquer naturalidade. A sensação de cenário e de extras sempre muito bem arrumados ou posicionados em cena mantém o espectador distante daquilo que está vendo.

O excesso de acontecimentos e viradas também é um problema para o resultado final. Embora tudo caiba dentro da história, as coisas não estão bem encaixadas e alguns fios soltos são percebidos facilmente, deixando o filme mais exterior do que deveria ser.

E olha que não faltam movimentos interessantes de câmera e uma trilha sonora que consegue ser marcante e singela. A belíssima canção Loin de Paname, indicada ao Oscar, é irresistível na voz de Nora Arnezeder, que dá vida à Douce.

O elenco também é outro ponto positivo. Gérar Jugnot cria um Pigoil cativante e consegue deixar alguns momentos mais fracos interessantes; o pequeno Maxence Perrin dá vida ao músico aspirante Jojo e conquista com sua fofura, e é quase impossível não sorrir com o comediante Kad Merad e seu Jacky. A intimidade entre os três e o diretor, que estiveram juntos em A Voz do Coração, faz toda diferença.

Embora não seja uma obra memorável como o filme anterior, ainda tem suas qualidades e pode agradar. Manter as expectativas em baixa pode ser uma boa pedida para aproveitar mais o que está por vir.

Um Grande Momento

Douce, tímida, começa a cantar.

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Drama
Direção: Christophe Barratier
Elenco: Gérard Jugnot, Clovis Cornillac, Kad Merad, Nora Arnezeder, Pierre Richard, Bernard-Pierre Donnadieu, Maxence Perrin, François Morel, Elisabeth Vitali
Roteiro: Christophe Barratier, Julien Rappeneau, Pierre Philippe, Frank Thomas, Reinhardt Wagner, Jean-Michel Derenne
Duração:120 min.
Minha nota: 6/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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