Mostra de Tiradentes

Primeira noite em Tiradentes foi de Andrea Tonacci

Na primeira noite do festival que abre o calendário audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes, quem brilhou foi o homenageado desta edição, Andrea Tonacci. O cineasta, autor de filmes que marcaram o cinema brasileiro, recebeu o Troféu Barroco das mãos de Cleber Eduardo, curador do festival.

O crítico e curador destacou que esta homenagem está longe de ter aquele caráter de “despedida em vida”. Segundo ele, aquele troféu significa uma pausa na vida acelerada para melhor olhar para o passado, o presente e o futuro. A homenagem seria, segundo Cleber Eduardo, uma pausa na corrida vida cotidiana para pensarmos junto com o homenageado.

Emocionado, Tonacci agradeceu a homenagem e, diante da plateia lotada do Cine-Tenda, disse que o tributo o fez repensar sua própria trajetória e perceber o tamanho da responsabilidade que carregava por aquilo que já fizera.

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A noite, que contou ainda com uma apresentação sobre o tema principal desta 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, foi encerrada com a exibição do longa-metragem Serras da Desordem. O longa-metragem completa, neste ano, dez anos de sua pré-estreia na própria Mostra de Tiradentes.

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Sobre Andrea Tonacci

Nascido na Itália, Andrea Tonacci chegou ao Brasil com 11 anos de idade. Depois de começar os cursos de arquitetura e engenharia, decidiu abandonar a vida acadêmica para se dedicar ao cinema.

A filmografia de Tonacci é composta de filmes que marcaram o cinema nacional. Com seu primeiro longa-metragem, Bang-Bang, lançado em 1970, deu uma nova direção ao cinema marginal brasileiro. Subversivo, o diretor afastou-se de clichês e convenções que dominavam o cinema nos anos 1960 para criar uma obra única.

Nos próximos anos, o cineasta voltou suas lentes para o real e, embora não se limitasse a um único objeto, prestou especial atenção aos indígenas, como nos documentários Conversas do Maranhão e Guaranis do Espírito Santo.

Ainda neste universo, sua obra de maior destaque, Serras da Desordem, acompanha a história do índio Carapiru, da tribo Awa-Guajá, que sobrevive a um massacre a sua tribo e sai vagando pelas matas brasileiras. O longa-metragem, reconhecido pela crítica e destacado em vários festivais, transforma a linguagem ao se concretizar como um híbrido de gêneros. Mas além disso, usando o verdadeiro Carapiru como protagonista, ao fazer com que o índio reencene sua história, o filme consegue criar um novo meio de abordar um objeto: por ele mesmo e pelo outro.

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Em seu último filme, Já Visto Jamais Visto, Tonacci volta-se para o lado pessoal, ao juntar vários momentos de seus arquivos cinematográficos caseiros.

Mostra de Cinema de Tiradentes

A 19ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes acontece na cidade histórica mineira até o próximo dia 30 de janeiro, com vários eventos e programação gratuita. São 117 filmes em pré-estreia, entre eles 35 longas-metragens e 82 curtas.

Foto de destaque: Jackson Romanelli | Universo Produções

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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