Crítica | Outras metragens

Road Kill

Suspense perdido

(Road Kill, EUA, 2025)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Ryan Farhoudi
  • Roteiro: Ryan Farhoudi
  • Elenco: Skyler Gisondo, Chris Sheffield
  • Duração: 12 minutos

A estrada completamente deserta, um corpo caído no meio-fio e uma escolha impossível de ser feita. Em Road Kill, de Ryan Farhoudi, a tensão nasce do impulso de ajudar, mas rapidamente se converte em paranoia. Adam Reetz (Skyler Gisondo) encarna a hesitação de quem não sabe se deve parar, se deve chamar socorro ou se deve simplesmente seguir. Parece simples, mas não é.

Farhoudi filma com habilidade o estado de suspensão. O desespero inicial, o recuo, a volta, a decisão. Todos os passos de seu protagonista são marcados pela dúvida. É um suspense que não depende de sustos, mas da incerteza. Como justificar as ações? O ensaio do protagonista, imaginando versões de sua explicação, é quase um teatro angustiado que transforma o espectador em cúmplice.

A cena da abordagem é o ápice desse jogo. A ansiedade cresce com cada detalhe, com o policial surgindo como autoridade e ameaça. É nesse momento de virada, porém, que a força construída até ali se perde e a tensão rateia. A trama não se sustenta e o que vinha sendo uma experiência de inquietação quase física se acomoda em uma resolução para lá de previsível.

Ainda assim, Road Kill consegue construir o suspense de maneira eficiente e com pouco, além de funcionar como um retrato da paranoia contemporânea. A estrada deserta é um espaço real de dúvida e medo, lembrando que, em noites sem testemunhas, cada escolha carrega o peso do inesperado. Assim como na vida.

Um grande momento
Abre o porta-malas

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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