(Somos Tão Jovens, BRA, 2013)
- Gênero: Drama
- Direção: Antonio Carlos da Fontoura
- Roteiro: Marcos Bernstein, Victor Atherino
- Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bruno Torres, Daniel Passi, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Conrado Godoy, Nicolau Villa-Lobos, Sérgio Dalcin, Olívia Torres, Ibsen Perucci, Nathália Limaverde, André de Carvalho, Kotoe Karasawa
- Duração: 104 minutos
Renato Russo foi uma figura polêmica, que se meteu em algumas confusões por nem sempre saber usar as palavras, mas tornou-se conhecido de todos pelas músicas que escreveu. Basta que haja uma rodinha de violão ou qualquer coletânea de rock nacional para que ele esteja presente. Normal então que Somos Tão Jovens, biografia do cantor e compositor, desperte o interesse do público e leve bastante gente aos cinemas para conhecer a sua história. Daí a agradar, é uma outra coisa, completamente diferente.
Não que seja um filme ruim, não é. Mas é pouco profundo e, infelizmente, contraditoriamente, mesmo sendo um filme vinculado à música, não consegue encontrar seu ritmo. A apresentação superficial e confusa dos personagens na primeira parte do filme é determinante para a falta de vínculo com o espectador, situação que só melhora com o espaço ganho por Laila Zaid no desenrolar da trama. Aliás, sendo a única história estruturada do filme, deveria ter sido melhor explorada.
A falta de interesse ressalta outros problemas. Os diálogos são artificiais, travados em vários sentidos, falta naturalidade interpretativa e algumas passagens que tentam forçar trechos de letras de músicas em conversas que não funcionam. A escolha das canções incidentais, aquelas que integram a trilha mas não são as interpretadas pelo personagem, também fica devendo.
Particularmente, como uma brasiliense, posso dizer que falta a cidade no filme. São tantos acontecimentos marcantes tratados de modo en passant, tantos locais ignorados ou pouco explorados. Sem falar que falta ao resultado final a percepção de que a aura local foi fundamental para o desenrolar de um movimento roqueiro.
Apesar dos pesares, depois que o filme se encontra, a coisa até flui bem e consegue emocionar em seu terço final. Thiago Mendonça, apesar de sua semelhança com o cantor, era uma escolha arriscada, mas em seu texto ensaiado acaba se aproximando do modo de falar de Renato Russo e se sai muito bem interpretando as canções que se tornaram famosas.
Por sua leveza, Somos Tão Jovens consegue atrair e agradar os fãs do cantor e de suas bandas Aborto Elétrico e Legião Urbana, que podem ver as primeiras canções do compositor na íntegra. Mas o que sobra de música, falta de profundidade.
Um Grande Momento:
“Ainda é Cedo”.