Crítica | Outras metragensMix Brasil

Super Mães

Seguindo a nova separação de curtas-metragens por temática e não mais pela orientação sexual no 20º Mix Brasil, o programa “Super Mães” fala sobre os diferentes caminhos escolhidos por algumas mães para lidar com a sexulidade dos seus filhos.

Pela Janela
(Through The Window, ISR, 2011)

Ficção
Direção: Chen Shumowitz
Roteiro: Chen Shumowitz
Duração: 12 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Pela Janela é uma produção israelense que retrata o dilema de muitas jovens que ainda não se assumiram para a família e que, ao mesmo tempo, vivem um relacionamento amoroso homossexual consolidado.

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O curta consegue, com poucas imagens, desenvolver o tema proposto e representa bem o psicológico de Shira. A conversa com a namorada já deixa claro quais são as diferenças entre elas, assim como a cena do jantar em cena do jantar, onde percebemos a importância dada ao suposto julgamento dos familiares.

Os momentos de tensão não são feitos através de diálogos, mas de expressões faciais e silêncios que acabam sendo mais incisivos do que qualquer palavra.

Direto e dinâmico, Pela Janela demonstra a delicadeza da diretora Chen Shumowitz ao transmitir o conflito da jovem sem precisar apelar para o drama.

Tsymel
(Tsymel, BEL, 2012)

Documentário
Direção: Axel Kremer
Duração: 17 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

Jonhatan é um jovem que vive com a mãe na Bélgica e durante as noites se transforma em Tsymel. O documentário intercala o depoimento deste jovem, explicando como se tornou travesti, e imagens de suas apresentações.

A única coisa interessante aqui é quando ele explica o porquê de um personagem da Disney, a Pequena Sereia, ser um dos favoritos dos travestis para se caracterizarem. Porém, ao não explorar esta declaração, o roteiro perde uma boa oportunidade de tornar o curta menos insosso.

Mesmo apresentando alguns momentos de performances de Jonhatan, Tsymel é monótono e arrastado, principalmente por se prender à fala de um protagonista que não demonstra nenhuma emoção ao relatar a própria vida.

Down Here

(Down Here, EUA/POR, 2011)

Ficção
Direção: Diogo Costa Amarante
Elenco: Bari Hyman, Danielle Lessowitz
Roteiro: Diogo Costa Amarante
Duração: 11 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Emily é uma mãe que imerge no universo gay à procura de respostas para as suas angustias em relação ao filho. O encontro e a posterior conversa com uma pessoa desconhecida são uma tentativa de lidar com a culpa e alcançar o perdão.

Seguindo em ritmo lento, a produção é triste do começo ao fim. Os ambientes escuros reforçam a sensação de sufocamento que o diretor quis transmitir com o filme. A atuação da protagonista, dividida entre momentos onde parece estar completamente perdida e situações de melancolia, completam o clima depressivo da produção.

Bem feito, Down Here serve de reflexão sobre os danos que a incompreensão pode causar.

O Segredo dos Lírios
(O Segredo dos Lírios, BRA, 2012)

Documentário
Direção: Brunna Kirsch e Cris Aldreyn
Duração: 16 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Este documentário brasileiro é protagonizado por três mulheres que possuem em comum o fato de serem mães de meninas. Poderia-se citar que estas meninas também são homossexuais, mas explicitar a sexualidade delas é ir de encontro à história que O Segredo dos Lírios pretende contar. Pois no curta, este é apenas mais um aspecto da vida de cada uma delas.

A infância, os anseios, os medos, a descoberta da sexualidade das garotas e os planos para o futuro, dentre outras coisas, são citados durante os relatos. É muito clara a intenção do documentário em mostrar que a orientação sexual das filhas não é determinante no relacionamento com suas mães. Isto é reforçado pelo fato de as garotas quase não aparecerem na produção, a imagem que temos delas foi formada pelo olhar de cada mãe.

Construído de forma leve, O Segredo dos Lírios foge dos estereótipos e traz depoimentos tocantes sem cair no sentimentalismo. Destaque para o relato de Estela Freitas, mãe de Brunna Kirsch, uma das diretoras do curta-metragem.

O Ninho Vazio
(El nido vacio, ESP, 2011)

Ficção
Direção: Francisco Lupini-Basagoiti
Elenco: Soledad López, Joaquina Nuñez, Francisco Huergo, Inma Heredia, Francisco Fuertes, Miguel Belmonte
Roteiro: Francisco Lupini-Basagoiti
Duração: 11 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Síndrome do ninho vazio é o nome dado à manifestação de sentimentos como melancolia, tristeza e saudade que alguns pais sentem quando seus filhos saem de casa. É explicando tal situação a uma paciente que conhecemos a eloquente terapeuta sexual Montse, protagonista deste curta.

Mãe de Andres, Montse desperta para a sexualidade do filho quando um fato a leva a pensar que o filho é bem-dotado. Os acontecimentos a partir disto geram inúmeras situações cômicas relacionadas à sexualidade do filho.

O Ninho Vazio mostra que algumas vezes a teoria proferida pela terapeuta aos seus pacientes pode não ter efeito prático quando a situação acontece com o próprio filho. Esta é a reflexão presente na história, uma coisa é teorizar e preconceber situações. Vivencia-las é bem diferente.

Em tom de comédia, o filme arranca risos da audiência em vários momentos, mas excede na caricatura dos personagens. Este exagero impede que a contradição entre a teoria da terapeuta e a prática de mãe tenha um melhor desenvolvimento ao longo da história.

Mila Ramos

“Soteropaulistana”, publicitária, amante das artes, tecnologia e sorvete de chocolate. O amor pela Sétima Arte nasceu ainda criança, quando o seu pai a convidava para assistir ao Corujão nas noites insones. Apaixona-se todos os dias e acredita que o cinema é capaz de nos transportar a lugares nunca antes visitados. Escreve também no Cartões de viagens imaginárias.
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