Crítica | Streaming e VoD

Táticas do Amor 2

Xerox desnecessária

(Ask Taktikleri 2, TUR, 2023)
Nota  
  • Gênero: Comédia romântica
  • Direção: Recai Karagöz
  • Roteiro: Pelin Karamehmetoğlu
  • Elenco: Demet Özdemir, Sükrü Özyildiz, Atakan Çelik, Bora Akkas, Deniz Baydar, Hande Yilmaz, Melisa Döngel, Ceyhun Mengiroglu
  • Duração: 98 minutos

Há um ano e meio a Netflix estreava Táticas do Amor, uma comédia romântica turca que não tinha qualquer problema em se parecer com tantas outras já produzidas, e a principal referência era Como Perder um Homem em 10 Dias, além de tantas “comédias malucas” ao longo da História. Esse Táticas do Amor 2 chega ao público com sucesso garantido, seguindo os passos do primeiro, assim como repete praticamente à risca a ideia do anterior, fazendo com que estejamos diante de uma inspiração da inspiração. Diferente do primeiro, o frescor desce pelo ralo ao mostrar-se sem qualquer inspiração mais evidente, e ser tão tranquilo em copiar a si mesmo. Resta a dúvida: pra quê rever esse filme tão rápido, com ideias tão recicladas?

Falei em texto recente que, apesar de apresentar um crescimento qualitativo em seu material dramático produzido para o streaming, a Turquia não podia se gabar do mesmo prestígio entre as comédias românticas. O capítulo de 2022 dessa “franquia” era o mais bem sucedido justamente porque acertava no charme coletivo, e porque não fazia questão de esconder que nada ali estava sendo tentado pela primeira vez. Sem medo de ser feliz, Táticas do Amor 2 extrapola essa ideia ao propor mais uma vez esse filme e acreditar que o espectador mais uma vez irá se render a Asli e Kerem. Pelo resultado da audiência eles estavam certos, mas a produção é bem menos imaginativa e muito mais burocrática, quase cansada. 

O casal protagonista, ainda unido, resolve sabotar a própria relação por motivos que não fazem muito sentido a não ser a realização do próprio filme. Aos poucos, percebemos que a produção não está muito interessada em fazer sentido, apenas fazer sucesso e justificar sua feitura. Embora continue elaborando muito bem seu charme, Táticas do Amor 2 é uma tentativa de emular algo já feito cuja retomada não se justifica, e o espectador segue sendo exposto a repetições que não levam a lugar nenhum. A verdade é que talvez esse seja um dos raros títulos onde não importa muito se você assistiu ao anterior, porque tudo é tão refeito aqui, que talvez seja melhor pular a experiência anterior, no que talvez isso até melhore esse aqui. 

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Táticas do Amor 2 é a estreia na direção de Recai Karagöz (ou seja, mudou o comandante do barco), mas o roteiro continua sendo de Pelin Karamehmetoĝlu, que requenta suas ideias sem muita inspiração. A verdade é que provavelmente esse é um produto feito exclusivamente para ser visto e esquecido, portanto acredita-se que o anterior já tenha provavelmente caído nessa vala comum. Dessa forma, agrada-se quem está chegando agora ao duo de filmes, e não irrita ao público médio que já assistiu ao filme do ano passado pois conta-se com seu esquecimento. É uma ideia arriscada, mas entendo que deva funcionar, porque a Netflix despeja tanto material genérico mensalmente no ar, que grande parte cairá num vácuo da memória. 

A energia que existia no “original” não é reproduzida aqui, porque estamos diante de uma xerox que respeita a fidelidade do original. Aos poucos, Táticas do Amor 2 cansa e perde nossa atenção, mas graças ao carisma generalizado, chegamos até o fim. Existem aqui e ali também cenas menos engessadas, como a do voo, mas a elas se seguem decisões narrativas e estéticas desastrosas, como o final narrado pela protagonista. A mensagem que o filme exibe durante esse desfecho inclusive é empoderado e vibrante, sem o tradicional arroubo proletário vigente nos filmes. Ainda que o resultado das decisões de Asli demonstre pouco impacto emocional – afinal, estamos mais uma vez falando de uma produção que gira em torno de pessoas muito ricas – o filme deixa sua mensagem no ar, elevando as escolhas femininas como sendo seu motor principal. É um ponto, ao menos. 

Um grande momento

O diálogo após o anel no piano

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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1 Comentário
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Néia Almeida
Néia Almeida
28/07/2023 00:48

Filme péssimo!

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