- Gênero: Ficção
- Direção: Danielle Baynes
- Roteiro: Danielle Baynes
- Elenco: Kate Walsh, Justin Amankwah, Jeremy Waters, Hunter Sabe, Emalia
- Duração: 12 minutos
-
Veja online:
Pouco se fala sobre isso, mas a medicina veterinária é uma das profissões com um dos maiores índices de suicídio do mundo. O trabalhar diariamente com situações de abandono, maus tratos e, principalmente, com o encerramento da vida, faz com que a pressão seja grande demais e abale o psicológico de maneira extrema. O curta-metragem australiano The Dog, de Danielle Baynes, acompanha o plantão da veterinária Claire em uma clínica onde os casos de animais das mais diversas espécies não param de chegar. Seu envolvimento com os bichinhos, assim como de qualquer pessoa que escolhe seguir essa carreira, é notório e é destacado logo no começo do filme, quando acompanhamos suas reações longe de seus pacientes.
O primeiro atendimento, uma triste e melodramática cena de despedida com direito a cachorro e criança, demonstram que o filme não tem muito como escapar da melancolia. Com Joe, seu novo companheiro de profissão, tentando lidar com a situação de maneira ainda insegura, Claire precisa, além de sublimar a tristeza mais uma vez, mostrar normalidade diante da dor e da execução. Mas sua postura é desconstruída logo depois, não para ele ou para os outros que a veem no consultório, mas para os espectadores. The Dog não se restringe a este atendimento, e nem ao procedimento, embora escolha este e a rotina extenuante como focos de denúncia.
Indo além da tristeza que se instala, em uma espiral sufocante, a tensão vai tomando conta da trama. A diretora intercala tomadas de um corredor que não para de encher de pacientes, cenas de atendimento e a iminente desintegragação da protagonista, aumentando a velocidade das cenas e explodindo em um voo inesperado. Há uma certa previsibilidade, mas, independentemente disso, Baynes sabe como lidar com os elementos para efetivar o sufocamento. A seu favor, conta com boas atuações de Justin Amankwah como o novato e de Kate Walsh, famosa por seu papel como a cirurgiã neo-natal Addison Montgomery em Grey’s Anatomy, como alguém que chegou ao limite.
Porém, Baynes, responsável também pelo roteiro, abre mão do realismo para tentar aprofundar sua história. Em busca da superexposição de uma mente arruínada pela rotina dolorosa e extrema, imprime em tela o devaneio. Por mais que seja esteticamente bem elaborada, a sequência promove uma quebra no que vinha sendo construído até ali, e torna por demais explicativo aquilo que era evidente. Há valor no que é dito, o que fortalece a crítica como panfleto, mas há um excesso que enfraquece a construção fílmica em si.
Apesar da duração da cena, The Dog se recupera e, considerando tudo o que fora competentemente construído, cumpre seu papel de mostrar a falta de solução para o problema de saúde mental que atinge veterinários de todo o mundo. Não que seja a função dele, mas, mesmo sem apontar saídas, ou a possibilidade real de se amenizar uma questão que apenas será transmitida a novas gerações, acerta ao tratar de um tema tão importante e que segue sendo ignorado.
Um grande momento
O voo