(Thérèse Desqueyroux, FRA, 2012)
Direção: Claude Miller
Elenco: Audrey Tautou, Gilles Lellouche, Anaïs Demoustier, Catherine Arditi, Isabelle Sadoyan, Francis Perrin, Jean-Claude Calon, Max Morel, Françoise Goubert, Stanley Weber
Roteiro: François Mauriac (romance), Claude Miller, Natalie Carter
Duração: 110 min.
Nota: 6
A segunda adaptação para as telas de cinema do romance de François Mauriac Thérèse Desqueyroux e último trabalho do diretor Claude Miller, é um filme morno, distante do público em muitos momentos, mas que comprova o amadurecimento profissional de Audrey Tautou.
Thérèse é uma mulher conflituosa que ainda criança demonstra sua independência e personalidade forte. O casamento com seu vizinho Bernard Desqueyroux tem como interesse unir as terras das famílias de ambos e assim torná-los mais fortes economicamente. Embora concorde com a união, o espírito livre da jovem não resiste à vida provinciana e às pressões sociais da época (década de 20). Ela transforma-se em uma mulher deprimida, que entra em contato com seu lado mais obscuro.
A complexidade de Thérèse (papel que já foi de Emanuelle Riva na versão de 1962) é um terreno fértil para Audrey Tautou. Sua interpretação é sutil, construída por expressões contidas, como o olhar perdido que dá a dimensão do quanto a personagem fica alheia ao que se passa ao redor. A frieza com que trata a filha recém-nascida e os sonhos, onde ela dá vazão aos pensamentos reprimidos, são outros momentos em que demonstra seu talento. Outra boa atuação é a de Gilles Lellouche como Bernard Desqueyroux. A encenação de um homem que é o reflexo dos valores daquela época é benfeita. Ele é seguro também nos momentos cômicos que não apelar para caricaturas.
Therese D. tinha tudo para ser um ótimo filme: uma boa fotografia, ótima reconstituição de época e atuações elogiáveis, mas peca no quesito emoção. Falta à narrativa momentos que nos arrebatem nos aproximando da dor de cada personagem. Nem as situações de clímax da obra são capazes de envolver os espectadores.
É uma pena constatar que uma das melhores atuações de Audrey Tautou ocorra em um filme que carece daquilo que a atriz tem de sobra: carisma.
Um Grande Momento:
A última conversa entre Thérèse e Bernard.
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