- Gênero: Ação
- Direção: Taika Waititi
- Roteiro: Taika Waititi, Jennifer Kaytin Robinson
- Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, Taika Waititi, Russell Crowe, Jaimie Alexander, Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff, Sean Gunn, Vin Diesel, Bradley Cooper
- Duração: 119 minutos
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Vamos falar a verdade? Todos nós sabemos que os filmes da Marvel são como uma receita clássica de brigadeiro. Todos nós amamos brigadeiro, mas não é nada muito surpreendente, não é mesmo? Vamos à festinha de criança pensando “vai ter brigadeiro”, chegamos lá e tem brigadeiro, então nós comemos o brigadeiro. Isso é ruim? Não. Mas é previsível? Demais! E assim são os filmes da Marvel.
Thor: Amor e Trovão compõe mais uma receita clássica de brigadeiro da Marvel, cujos ingredientes são: personagens engraçados, com falas que trazem um alívio cômico ao filme; uma pitada de romantismo entre o herói e alguém por quem ele é apaixonado; amigos divertidos; cenas de luta bem feitas e muito coloridas, com efeitos visuais e sonoros que jamais deixam a desejar; e um vilão criado com base no apego a um sentimento negativo que todos os humanos podem ter – e, portanto, provoca identificação, em certa medida.
O diferencial de Thor: Amor e Trovão é que ele seria como um brigadeiro de chocolate granulado colorido: além dos elementos clássicos – e previsíveis – da receita do brigadeiro tradicional da Marvel, há também pequenas inclusões que se fazem demasiadamente necessárias na atual conjuntura política, econômica e social do mundo inteiro.
Um filme que aborda o politeísmo e traz cenas clássicas de romantismo da Marvel, mas para falar expressamente sobre o amor entre um deus e uma mortal, e sobre todos os sentimentos humanos desse deus em relação à fossa pós-término, e, ainda, representa um outro grande deus como um charlatão megalomaníaco, elementos que, por si, já poderiam causar alvoroço dos religiosos moralistas e monoteístas que têm saído do armário nos últimos anos.
Mas o embate frontal com o moralismo e a religiosidade ferrenha não para por aí: o longa aborda, também, o amor entre pessoas do mesmo gênero e entre seres alienígenas também do mesmo gênero, corroborando o título “amor e trovão”, afinal, se é para falar de amor, todos os seres e todas as sexualidades merecem espaço, porque amor é amor, não importa o que a igreja – ou seus seguidores – diga, e nenhum deus discordaria disso.
O filme ainda confia na inclusão de personagens infantis, que não apenas aparecem nas cenas de alívio cômico, mas ganham espaço em uma batalha curiosamente fofa e agressiva, carregada de efeitos especiais e elementos visuais emocionantes; e muito rock dos anos 80 para embalar toda a trama – será que também é uma forma de bater de frente com aquele pessoal que diz que rock é coisa do rabo de seta?
Dentre todos os longas feitos para explicar a vida dos heróis, Thor: Amor e Trovão me parece fazer sentido para justificar a fossa do herói e demonstrar ao público como ele a superou, mas sem conseguir fugir dos clichês presentes em todos os filmes de HQ, e sem impressionar muito com a presença da Poderosa Thor.
A atuação de Natalie Portman infelizmente é fraca, não convence em nenhuma das fases da personagem, parecendo que deixa faltando algo, tanto quando está doente, quanto quando é a Poderosa Thor, o que é grave, pois uma heroína não convencer enquanto tal é triste no universo dos quadrinhos.
Por outro lado, Christian Bale conseguiu entregar bem as emoções do seu personagem, Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que começa com um visual idêntico ao de Kratos, de God do War – o que faz sentido, já que o filme faz a união das mitologias nórdica e grega, e representa bem um espartano -, mas seu visual vai mudando à medida em que ele usa a Necrosword, até ele se tornar algo deveras similar a O Vidente, de Viking, misturado com Voldemort – em que pese a Marvel ter tentado fugir dessa similaridade.
A maquiagem de Gorr peca em alguns momentos da trama, mas, ainda assim, Bale entrega as emoções humanas do personagem que, assim como nos quadrinhos, perde a fé em qualquer Deus, após perder toda a sua família, e decide se vingar de todos.
Aos fãs de HQ, a similaridade da cena de Thor vendo o deus Falligar, o Behemoth, morto chega a causar arrepios, pelo cuidado na representação idêntica da cena do HQ, e as lutas com Gorr causam uma mistura de sensações de agonia, raiva e ansiedade que diminuem a gravidade das falhas na maquiagem e do excesso de clichês.
Enfim, uma excelente opção de filme para assistir com toda família, com diversão garantida às crianças que gostam de heróis, aos fãs fervorosos de HQ impressa, aos adultos dos anos 80, que vão entender as referências visuais e musicais e as cenas que remetem aos clássicos do cinema, como Godzilla, e aos fãs de rock, que vão amar a trilha sonora e os créditos finais com fontes iguais às de bandas famosas de rock’n’roll.
Um grande momento
Batalha com crianças