(American Hustle, EUA, 2013)
Direção: David O. Russell
Elenco: Christian Bale, Bradley Cooper, Amy Adams, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence, Louis C.K., Jack Huston, Michael Peña, Shea Whigham, Alessandro Nivola
Roteiro: Eric Warren Singer. David O. Russell
Duração: 138 min.
Nota: 6
Você quer fazer um prato super elaborado, com todo tipo de ingrediente que te agrada. Só que ao misturar tudo, o gosto mais forte de uma coisa atrapalha o de outra, a junção de sabores não é tão boa assim e o resultado final, mesmo que não esteja ruim, é confuso e bem diferente do esperado. Essa é a sensação que fica ao final de Trapaça.
O filme tem uma boa história, um elenco incrível, uma boa trilha sonora e um trabalho interessante de direção de arte. Mas, aquilo que em conjunto faz toda a diferença em qualquer filme, aqui é muito percebido individualmente e acaba desequilibrando o longa. Que até diverte, mas é menos do que deveria ter sido.
Livremente inspirado em uma operação do FBI do final dos anos 70, Trapaça conta a história do casal de amantes trapaceiros Sydney e Irving. Depois de descobertos, eles precisam colaborar em uma grande investigação federal. Diferente dos pequenos golpes, eles se envolvem com mafiosos e políticos. Tudo parece caminhar bem, até que a esposa de Irving resolve estragar tudo.
David O. Russell parece levar a vida correndo atrás de prêmios. Em Trapaça ele conta com as duplas que se destacaram em seus dois últimos trabalhos. Amy Adams e Christian Bale, de O Vencedor, vivem a dupla de trapaceiros, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, de O Lado Bom da Vida, o detetive do FBI e a esposa traída. A participação especial de um outro ator que recentemente trabalhou com o diretor também comprova a teoria.
O elenco, que ainda conta com Jeremy Renner, tem momentos inspirados, mas também sofre com o desequilíbrio de todo o filme. Grande destaque do conjunto, Amy Adams é a mais consistente nas variações de humor e a que melhor lida com sutilezas, mas ela está bem acompanhada por Bale, em mais uma daquelas mudanças físicas impressionantes, e por J-Law, mesmo que ela esteja escalada para um papel indicado para uma atriz mais experiente.
É graças ao trio de atores que o filme sobrevive. Principalmente porque o roteiro não consegue se estabelecer muito bem em nenhuma direção. O flerte com o cinema de Scorsese é claro, mas experiências fotográficas descabidas e uma vontade constante de misturar momentos frenéticos e cotidianos, narração e ação, comprometem o ritmo e fazem o longa passar uma sensação de filme muito maior do que é.
No mesmo caminho, a beleza da recriação da época, com o desenho de produção de Judy Becker, arte de Jesse Rosenthal e cenografia de Heather Loeffler, também impressiona, mas chama tanta atenção que, a partir de determinado ponto, começa a cansar. O mesmo pode ser dito do figurino, assinado por Michael Wilkinson.
Por outro lado, há coisas que não só impressionam como funcionam, é o caso da trilha sonora composta por Danny Elfman e da seleção musical, com clássicos como Duke Ellington, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Thelonious Monk, Santana e Elton John, entre outros. Todo o trabalho de cabeleireiro, ainda que exagerado, também merece uma menção especial.
Apesar de ter exagerado na dose e tentado misturar muito mais tempero e ingredientes do que o necessário, Trapaça tem o seu quê de interessante e divertido. Mas não é nada que mereça toda a atenção e reconhecimento que tem recebido por aí.
Um Grande Momento:
Conhecendo Edith Greensly.
Links
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