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Três Lembranças da Minha Juventude

(Trois souvenirs de ma jeunesse, FRA, 2015)

Drama
Direção: Arnaud Desplechin
Elenco: Quentin Dolmaire, Mathieu Amalric, Lou Roy-Lecollinet, Dinara Drukarova, Cécile Garcia-Fogel, Françoise Lebrun, Irina Vavilova, Olivier Rabourdin, Elyot Milshtein, Pierre Andrau, Lily Taieb, Raphaël Cohen, Kheifets Gregory, Clémence Le Gall, Théo Fernandez
Roteiro: Arnaud Desplechin, Julie Peyr
Duração: 123 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Mais uma vemos vemos na tela o personagem Paul Dédalus, alter ego do diretor Arnaud Desplechin que conhecemos em Como Eu Briguei (Por Minha Vida Sexual), e todo o seu universo. Aqui, um Paul maduro, outra vez vivido por Mathieu Amalric, volta a algumas das memórias de sua formação.

É interessante como o Desplechin dá autonomia à sua história, que parece fluir livremente, como quando memórias vêm à cabeça. Três Lembranças da Minha Juventude, volta suas lentes para três momentos chave da definição de caráter de Paul: a infância conturbada com a relação instável com a mãe, doente mental, e o distanciamento do pai; a primeira fase da adolescência, quando ajuda refugiados judeus na Rússia, e a grande paixão pela volúvel e apaixonada Esther.

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Como todas as memórias, cada volta ao passado está ligada a um momento presente. O iminente retorno à França, depois de anos longe de casa – infância; a apreensão após um problema com o passaporte – Rússia, e, por último Esther, a lembrança mais longa, mais profunda, que vai e volta retorna, sem precisar de motivos para isso.

Para cada um dos capítulos de seu filme, o diretor adota um tom, um ritmo e quase um gênero diferente. O que funciona muito bem e dá ao longa-metragem originalidade e vigor, porém as sensações não resistem muito em sua última parte, prolongada demais e cheia de escolhas arriscadas e cansativas.

Embora seja uma bela representação da paixão e conte com excelentes atuações dos jovens Quentin Dolmaire e Lou Roy-Lecollinet, como Paul e Esther, há um certo cansaço na narrativa, principalmente nos muitos cortes para as representações das cartas escritas pela menina ou nas repetições de algumas situações e das longas e declamadas declarações.

Ainda assim, Três Lembranças da Minha Juventude é um filme interessante pelo modo como aborda a memória como um elemento vivo, capaz de transformar os ambientes e os fatos para aqueles que a detém. Além de ser um retrato muito interessante do passado, nunca imune às intromissões da mesma memória, e de sua força na criação de uma personalidade. Além de ser mais um exemplar do novo cinema antigo francês, inspirado em outras épocas, outras técnicas e cheio de coisa para contar.

Um Grande Momento:
A cena da escada.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=BnkTNS47VcE[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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