- Gênero: Comédia Romântica
- Direção: Richard LaGravenese
- Roteiro: Carrie Solomon
- Elenco: Nicole Kidman, Zac Efron, Joey King, Kathy Bates, Liza Koshy, Ian Gregg, Wes Jetton
- Duração: 108 minutos
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Assistir a Tudo em Família, hit da Netflix, é ter a certeza de que passeamos por um sem número de comédias românticas de anos atrás. Ou, como um dia Nicole Kidman acordou e percebeu como teria sido lindo se, na juventude, tivesse tido os papéis de Julia Roberts. Se não, vejamos: temos um pouco de Uma Linda Mulher aqui? Tem, sim senhor. Temos um bocado de Um Lugar Chamado Notting Hill aqui? Ô, se temos. Temos até uma cena que remete a Dormindo com o Inimigo? Temos demais. Isso sem contar o tanto de O Diabo Veste Prada empregado aqui. Logo, a colcha de retalhos parece não ter fim, e talvez em uma segunda assistida, encontremos ainda mais tiques de produções do passado fingindo que são novas.
A direção é do mais que experiente Richard LaGravenese, indicado ao Oscar pelo roteiro de O Pescador de Ilusões, e que dirigiu um filme que fez gigantesco sucesso no Brasil, P. S. Eu Te Amo. Graças ao seu conhecimento, um filme que teria tudo para ser uma bobagem irrelevante e uma mácula no currículo de Kidman (ou mais uma) se transforma em uma bobagem irrelevante deliciosa de assistir. Tudo em Família é a estreia no cinema da roteirista Carrie Solomon, que no entanto escreveu muitos episódios da série The Good Fight. Isso pode justificar os ótimos diálogos que o filme encontra vez por outra, e a forma amorosa com que o filme desenvolva as relações familiares que encontramos, pessoas unidas por um afeto tátil.
Essa composição se dá também por meio de um elenco que não é somente habilidoso, como consegue transpor tais sentimentos para além do papel. A centralidade da história não está em cima de um arco único, e sim de um trio de protagonistas que dominam o enredo. Kidman é uma viúva estagnada em planos e sensações, Joey King é a sua filha que também precisa avançar em uma carreira que ela nem tem certeza em querer, e Zac Efron é o astro de cinema que emprega a jovem mulher, cuja imaturidade não o deixa perceber que sua carreira corre riscos. Tudo em Família envolve esse trio em um jogo romântico onde o risco é todos saírem machucados, e cada um deles demonstra isso com muita leveza e responsabilidade.
Apesar do talento já comprovado antes tanto por Kidman quanto por Efron (que acaba de impressionar em Garra de Ferro), é King quem consegue alcançar o espectador mais prontamente. Suas decisões e pensamentos movem o filme, e coloca os outros em cena em um campo de cobranças e julgamentos, sem perceber que ela tem tantos defeitos quanto seu chefe e sua mãe, enamorados. Além do talento da jovem atriz, as alterações que os astros fizeram em seus rostos não atrapalham o desenvolvimento emocional do roteiro o tempo todo, mas cria um entrave sim no que os personagens precisam entregar. Conseguir domar o olhar e observar Tudo em Família sob um prisma liberto da estética de seus atores, é uma tarefa que exige pureza de subjetividade.
A presença de Kathy Bates é uma incrível inclusão no grupo, que sempre aparece para dar o melhor de si em suas cenas. Sem facilidades automáticas, Tudo em Família não deixa de assumir tratar-se de obra de entressafra de lançamentos, mas ainda assim o filme tenta e consegue deixar o espectador satisfeito com a narrativa romântica. A verdade de cada personagem é tanta, que o filme consegue jogar areia nos nossos olhos para que notemos pouco as incongruências do roteiro e a rapidez supersônica com que os problemas se encerram. Longe de uma cobrança mais justa, o filme soa como um passatempo para toda a família que tem no elenco pessoas acima de qualquer suspeita. Ou seja, ainda que esquecível, todos estão dando o melhor de si para garantir o melhor possível.
Um grande momento
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