Festivais e mostras

Goiânia Mostra Curtas e a força que vem do cinema

Em uma noite difícil, após ver um candidato que despreza a cultura e traz em seu discurso o ódio pelas minorias passar para o segundo turno com maioria de votos, a 18ª Goiânia Mostra Curtas chegou ao seu final. O sentimento de acolhimento e proximidade amenizou o sentimento de derrota e foi o que deixou claro o quanto a união, principalmente em torno da arte, é importante para momentos como esse.

Com um discurso emocionado, Maria Abdalla, idealizadora do evento, falou da satisfação ao encerrar mais uma edição, que trouxe um recorte interessante e variado da nova produção de curtas-metragens à tela, deu voz a muitos e fez com que essa voz ecoasse também para muitos, em sessões lotadas.

Lembrando de toda a trajetória da mostra, a diretora do festival falou do acerto que foi apostar em um festival tão plural, agora aprimorado com a Feira Audiovisual, algo que busca estimular e aprimorar ainda mais a produção no formato. Para ela, em um dia de tantas incertezas, a realização do evento é um gesto de resistência, a prova de que vai haver luta.

Apoie o Cenas

Abdalla lembrou a fala de Carol Rodrigues no debate “Gênero e invenção no cinema: desafios de desconstrução e criação” e destacou que o que acontece hoje é reflexo de “um avanço das pautas da maiorias, que sempre minorizadas”. “Juntos nós podemos vencer quem quer nos calar”, completou.

Antes de anunciar os prêmios, a atriz e diretora Rita Carelli, apresentadora do evento, citou o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica: “a única batalha que a gente perde é a que a gente abandona”. Mesmo com a alegria dos premiados, não era um momento fácil para ninguém que estava no Teatro Goiânia, mas as palavras e tudo o que foi dito despertam a força que falta para momentos assim. Ainda que em nossa bolha, a relevância do cinema vai muito além das telas e a união faz mesmo a força.

Confira a lista completa de premiados:

Curta Mostra Brasil
Melhor Filme – Guaxuma (PE), de Nara Normande
Melhor Direção – BR3 (RJ), de Bruno Ribeiro
Prêmio Especial do Júri – MC Jess (RJ), de Carla Villa-Lobos
Menção Honrosa – Reforma (PE), de Fábio Leal
Júri Popular: Afronte (DF), de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Prêmio Elo: A Mulher do Treze (ES) – 2017 – Fic – 16 min. Direção: Rejane Kasting Arruda

Curta Mostra Goiás
Melhor Filme – Alô, maman (GO), de Michely Ascari
Melhor Direção – Kris Bronze (GO), de Larry Machado
Prêmio Especial do Júri – O Malabarista (GO), de Iuri Moreno e
Júri Popular: Frame Fatal (GO), de Thiago Rabelo
Prêmio Elo: O Tamanho da Pedra (GO), de Hélio Fróes

Mostra Animação
Melhor Filme – Torre (SP), de Nádia Mangolini
Melhor Direção – Guaxuma (PE), de Nara Normande
Prêmio Especial do Júri – Boi (SP), de Lucas Bettim e Renan Carvalho
Júri Popular: O Homem na Caixa (RJ), de Ale Borges, Alvaro Furloni e Guilherme Gehr

Mostrinha
Júri Popular: O Espírito do Bosque (SP), de Carla Saavedra Brychcy
Prêmio Elo: O Malabarista (GO), de Iuri Moreno

Prêmio Aquisição Sesc TV
Que Som Tem a Distância? (RS), de Marcela Schild

Prêmio Aquisição CineBrasilTV
O Malabarista (GO), de Iuri Moreno

Pitchings
Roteiro de Animação: Malu Tatu (GO), de Iuri Moreno, Lara Morena e Fabrício Rodrigues
Roteiro Cinematográfico: Bomba Batom (BA), de Marília Oliveira Cunha
Série de TV: Refúgio (SP), de Felipe Eduardo Amaral

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
Botão Voltar ao topo