- Gênero: Animação
- Direção: Tune Tartare
- Roteiro: Tune Tartare
- Duração: 15 minutos
-
Veja online:
Na era digital em que mascotes esquecidos voltam à tona como memes, surge Tuna Tartare, a fadinha que habitava as cartelas de karaokê dos anos 1990, em uma animação que leva o seu nome. A personagem, renascida em um curta dirigido por Lena Greene, ganha uma aventura só sua marcada por absurdos visuais e encontros inusitados com bolsas falsificadas e luvas de cacto. O resultado é um universo tão improvável quanto familiar, como se a nostalgia viesse disfarçada de delírio animado.
O choque entre memória e invenção é curioso, e desperta o interesse de quem assiste ao filme. Há uma aproximação rápida quando se reconhece a fadinha que habitava o limbo do karaokê e, de repente, está ali reencarnada em figura central, deslocada, excêntrica, quase grotesca. Greene brinca com o imaginário kitsch, transformando a nostalgia em experiência de humor nonsense. A piada funciona no impacto inicial, naquele riso de surpresa que surge do “eu já vi isso antes”, mas também na forma como a obra vai torcendo a familiaridade até o limite do absurdo.
Tuna Tartare sabe brincar com a ideia de reapropriação cultural e afetiva. Aquela personagem que parecia fadada ao esquecimento, restrita às memórias dispersas de noites de cantoria, se transforma em guia de uma jornada surreal. O humor, às vezes exagerado, aposta no estranhamento. Tuna atravessa situações banais e fantásticas, sempre com ares de quem nunca perdeu a vocação para o entretenimento.
Visualmente, o curta aposta na contradição entre o trivial e o fantástico. A estética carrega aquele ar de improviso digital, mas consciente de que quer transformar o exagero em espetáculo. A aparição da fadinha vira performance, e os enquadramentos investem em destacá-la como se fosse uma celebridade reencontrada, a estrela oculta da cultura pop que agora recebe seus quinze minutos de fama.
Há momentos em que o ritmo se alonga e a graça perde força, mas isso não anula a curiosidade despertada pela proposta. O caráter surreal é reforçado a todo instante e são muitas as camada de ironia, como se o filme assumisse de vez que não precisa de lógica para criar laços com o público. Além do frescor, fica claro que é legítimo rir do absurdo.
O resultado é uma experiência curiosa e divertida, mais pelo jogo que propõe do que pelo destino a que chega. Tuna Tartare lembra que a arte também pode ser pura brincadeira, mas sem perder a força ao trazer afetos coletivos. A fadinha do karaokê, que parecia condenada ao esquecimento, retorna como um fantasma pop capaz de assombrar e entreter, ativando, com sua aventura inusitada, a memória de toda uma geração.
Um grande momento
Não está me reconhecendo?


