Crítica | Streaming e VoD

Uma Manhã Gloriosa

(Morning Glory, EUA, 2010)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Roger Michell
  • Roteiro: Aline Brosh McKenna
  • Elenco: Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Vanessa Aspillaga, Patrick Wilson, Jeff Goldblum, Linda Powell, Mike Hydeck, David Wolos-Fonteno, Ty Burrell, Patti D'Arbanville, John Pankow, Matt Malloy
  • Duração: 107 minutos

Se existe uma relação antiga entre o cinema e alguma profissão, esta é, sem dúvidas, a de jornalista. O jornalismo está nas telonas desde 1900, com o lançamento de Horsewhipping an Editor, e nestes mais de cem anos já teve retratadas todas as suas facetas. Já vimos desde o dono do poder da mídia (Cidadão Kane), até o aspirante a repórter adolescente (Quase Famosos). Conhecemos os bastidores da notícia (Rede de Intrigas) e vários tipos de repórteres, sejam ele de rádio (A Era do Rádio), televisão (Um Dia de Cão) e imprensa escrita (A Embriaguez do Sucesso), além de fotógrafos (Cidade de Deus) e assessores de imprensa (Mera Coincidência). Até mesmo na hora de substituir Deus, os dois eleitos são jornalistas (Todo Poderoso).

Uma Manhã Gloriosa é mais um filme sobre este ambiente conhecido e popular. Com muito humor Roger Michell (Um Lugar Chamado Notting Hill) entra no reino do jornalismo de variedades, aquele que tem invadido as manhãs de televisões do mundo todo com uma mistura de noticiário, programa de culinária e matérias recém-saídas da revista Nova.

Becky Fuller é produtora executiva de um desses programas. Workaholic e dependente do celular como a maioria de produtores de qualquer mídia audiovisual, ela deixa de lado sua vida pessoal e vive em função do trabalho, mas mesmo assim acaba sendo mandada embora quando um produtor sênior é contratado pela emissora.

Apoie o Cenas

Ela acaba arrumando emprego em um decadente programa matutino que só é assistido “por quem perdeu o controle remoto ou está na cama esperando a enfermeira para limpá-lo”. Além de lidar com as pautas fraquíssimas, Betty tem que tornar o ambiente mais agradável, controlar o ego de sua apresentadora, dobrar um premiado jornalista mal-humorado e aumentar a audiência.

Apesar de não ser inesquecível, o filme é deliciosamente divertido. A roteirista Aline Brosh McKenna, que já retratou uma jornalista sofrendo na mão de um ícone na adaptação de O Diabo Veste Prada, usa bem o humor e a alternância de sentimentos em seus personagens.

O elenco, muito apropriado e bem à vontade, parece se divertir muito no set. Rachel McAdams (Sherlock Holmes) dá vida à contagiante, ingênua e divertida Becky. Os âncoras do jornal também estão sensacionais. Como uma boa apresentadora, Diane Keaton (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) é uma ex-miss que tem que rir de qualquer bobeira que acontece no ar e Harrison Ford (Blade Runner), é um ex-jornalista premiado que não consegue emplacar suas pautas e é obrigado a apresentar um programa que, para ele, denigre a imagem do jornalismo, pois toda programação deveria ser como uma BandNews.

Além do trio, o filme conta ainda com Patrick Wilson (Menina Má.com), Jeff Goldblum (A Mosca) e Matt Malloy (Hitch – Conselheiro Amoroso) como o sensacional homem do tempo e faz-tudo do programa.

Uma Manhã Gloriosa tem como principal arma sua leveza divertida e, apesar de algumas irregularidades, cumpre muito bem o seu papel de entretenimento.

Claro que muitos outros títulos com jornalistas ou sobre os meios de comunicação são muito mais importantes e signifcativos no cinema, mas se o assunto é o jornalismo de variedade nada mais apropriado do que uma comédia de costumes como esta.

Um Grande Momento
O pedido de Pomeroy

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
Botão Voltar ao topo