- Gênero: Ficção
- Direção: Céline Baril
- Roteiro: Céline Baril, Pauline Ouvrard
- Elenco: Louise Chevillotte, Bastien Bouillon, Ushan Çakir, Gülkadin Kokdurmus
- Duração: 34 minutos
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Só sinto no ar o momento
Grito de Alerta – Gonzaguinha
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais
Pra engolir
Símbolo de imensidão, é comum encontrarmos o mar associado a situações de contraste ao aprisionamento afetivo. O elemento diverso permite interações diversas com um mesmo corpo-elemento, seus perigos e ameaças têm conotação dúbia e há inclusive toda uma gama de possibilidade de associações que vão do mais humano a possibilidades místicas. É nesse espaço que conhecemos Anna, a protagonista de Uma Mulher no Mar prestes a se redescobrir e se libertar.
O curta de Céline Baril não quer ser direto e nem óbvio, mas é fácil compreender aquilo que está em suas entrelinhas. Aquela mulher está deslocada, presa em um lugar que não gostaria de estar. O desespero do sonho e de outros atos mostram que o desejo é apenas do afastamento, e a insistência na distância, do caminhar ou mesmo de uma busca frenética, que não há mais como ficar.
A diretora acerta ao começar o filme de forma tão impactante e fazer com que essa imagem esteja tão forte e viva durante todo o desenrolar da trama, relembrando-a inclusive com situação semelhante. São muitas posturas e intervenções, inclusive externas ao casal, que confirmam o inevitável e a situação daquela mulher ali representados talvez entre o prenúncio, que no fim não se concretiza, e o desejo.
E é interessante como Uma Mulher no Mar encontra espaço para que Anna se afaste da situação para melhor entendê-la, ainda que num lugar estranho, fazendo algo que pode não fazer sentido, expondo-se ao risco e olhando para si. Por trás de um desaparecimento e a jornada de busca, o roteiro de Baril e Pauline Ouvrard traça toda a trajetória de ruptura com o que está estabelecido em uma existência.
Por mais que se torne literal em seus encontros, a capacidade de metaforização e o bom uso dos signos faz com que Uma Mulher no Mar seja uma grande experiência. Destaque para a fotografia estonteante de Julia Mingo, de Regresso a Reims (Fragmentos), que transita entre os elementos e ambientes tornando-os chaves para definir os sentimentos, e para a atuação de Louise Chevillotte, discreta, mas contundente como uma mulher em seu limite.
Um grande momento
O sonho