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Uma Parede entre Nós

Uma nova sintonia

(Pared con Pared, ESP, 2024)
Nota  
  • Gênero: Comédia Romântica
  • Direção: Patricia Font
  • Roteiro: Marta Sánchez
  • Elenco: Aitana, Fernando Guallar, Paco Tous, Natalia Rodríguez, Adam Jezierski, Miguel Ángel Muñoz
  • Duração: 95 minutos

De alguma maneira, o Sintonia de Amor lá de 1993 deve ter inspirado o filme no qual essa estreia da Netflix, Uma Parede entre Nós, se baseia; trata-se de um remake espanhol aqui. E com tanta perda de tempo irrelevante (ou filmes que nem a isso chegam), essa produção nos ganha por muitas coisas. A principal dela é a simpatia irrestrita que exala do filme, um daqueles títulos onde nenhuma pretensão foi empregada, e o resultado é somente uma história para passar o tempo e nos fazer relaxar, com bons atores contando uma história bem simpática. Para os fãs de comédia romântica, essa deveria ser a pedida do mês entre eles, porque a comunicação com a plateia é imediata e acaba por promover o melhor tipo de passatempo possível. 

A trama é simples: Valentina se muda para um apartamento literalmente colado ao de David e ambos têm questões com som – ele só se concentra em seu trabalho no silêncio absoluto e ela é uma aspirante a pianista. A parede que os separa é tão fina e próxima que um ouve o que o outro faz, e isso cria uma inimizade instantânea entre eles. Sem nunca se ver mas ouvindo cada barulho a princípio e depois dividindo cada segredo, obviamente que eles irão se apaixonar. Isso é quase a totalidade de Uma Parede entre Nós, que obviamente conta com traumas de relacionamentos passados, cada personagem com seu coadjuvante ‘sidekick’ e aquele típico personagem mais velho e sábio. Ter todos esses clichês não o deprecia, porque tudo é aplicado com charme e honestidade. 

O elenco é diminuto mesmo e o filme vai direto ao ponto. Muitas das qualidades são conseguidas através da direção de Patricia Font, que não tenta inventar algo novo, ou fingir que trata-se de uma produção mais sofisticada do que aparenta. É cinema de entrega direta ao consumidor, sem muita enrolação, e a vantagem de estar ao alcance do controle remoto. Com as novas informações de que a Netflix está diminuindo drasticamente seu catálogo de “filme de autor” e vai concentrar suas produções no cinema mais comercial, ao menos nos resta esperar que a produção melhore e que a base sejam coisas como Uma Parede entre Nós, que se não está criando qualquer tipo de discussão cinematográfica, ao menos não envergonha os envolvidos. 

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Seus dois protagonistas são vividos por bons atores, e possuem aquela identificação imediata que precisa existir em uma comédia romântica. Nós queremos que eles fiquem juntos porque conhecemos a história de ambos e sabemos que eles merecem ser felizes, e a medida que Uma Parede entre Nós avança, nossa percepção vai se confirmando. São pessoas simpáticas, dos quais nós teríamos a amizade com extrema facilidade, e que estão precisando de carinho no momento que o filme os flagra. Jovens e bonitos, os personagens nos ajuda a perceber credibilidade no que está sendo contado; sem pressão, estamos falando de um produto assumido que se contenta em sê-lo, e tá tudo bem. 

Além de tudo, o filme é um trampolim para o lançamento de Aitana, uma cantora pop de sucesso da Espanha, como atriz. A moça tem uma boa estreia, segura e cheia de química com Fernando Guallar. Isso tudo contracenando com uma parede o filme inteiro, e ainda assim torcemos pelo casal. Acho que essa é a conclusão final acerca de Uma Parede entre Nós: mesmo sem estar juntos, Valentina e David estão apaixonados e isso salta aos olhos. Por essas e outras que o filme faz merecido sucesso, provando junto de Todos Menos Você que não precisa da coisa mais elaborada do mundo para o gênero. Se o casal tem química, 50% já está no bolso. 

Um grande momento

A audição

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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