- Gênero: Comédia Romântica
- Direção: Carlson Young
- Roteiro: Christine Lenig, Luke Spencer Roberts, Justin Matthews
- Elenco: Camila Mendes, Archie Renaux, Marisa Tomei, Lena Olin, Anthony Head, Thomas Kretschmann, Grégory Montel, Rachel Matthews, Fola Evans
- Duração: 101 minutos
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Quantas vezes precisamos assistir a variações de Uma Secretária de Futuro, (pra mim) um clássico dos anos 80, que meio que se transformou no O Diabo Veste Prada duas décadas depois? De acordo com a linha de montagem hollywoodiana, outras inúmeras vezes. Não há nenhum problema quando forem “cópias” com algum charme, atores tão à vontade e o espectador não estiver exigindo demais, como com Upgrade: As Cores do Amor, estreia de hoje do Prime Video que tem tudo o que poderíamos querer de uma versão constantemente atualizada desse tema. Tirando o inexplicável subtítulo em português (cores????), faz sentido que estejamos de frente a mais um exemplar que não vai tentar mudar nada do que já sabemos.
A eterna história da Cinderela, que sem pensar muito se vê metida em uma quantidade absurda de enganos, e vai assumindo que está no lugar certo, sempre. Na vida real, Ana Santos estaria presa e respondendo a inúmeros processos, e mesmo no cinema, pessoas influentes são como os personagens de Saltburn: você é fascinante, até deixar de ser. Mas estamos falando de uma comédia romântica destinada a toda família, que precisa agradar da vovó aos netinhos; para isso, Upgrade: As Cores do Amor tem uma mistura saudável de sagacidade e inocência no que conta. Ao fim da duração, não há a sensação de tempo perdido, mas durante a projeção não podemos ser ingênuos de acreditar que nada daquilo não foi previsto. Foi.
Não se sabe por qual motivo, mas Upgrade: As Cores do Amor foi escrito a seis mãos, o que é quantidade injustificável de massa encefálica para algo tão simples. Ana é assistente da assistente da diretora da filial nova iorquina de uma casa de leilões de alta classe. Num festival de erros, é confundida por um rapaz que conhece em um voo para Londres com a chefe, e deixa que ele e sua família pensem que estão diante de uma mulher bem sucedida. Daí pra frente, tudo que se imagina acontece: a verdadeira chefe chega a uma festa onde ela está e ela precisa se esconder, o pretendente fala pra ela que tem medo de quem se aproxima para tirar vantagens (e ela faz aquela carinha de que entendeu a mensagem), ela acaba por descobrir que a família do rapaz tem mais a ver com seu trabalho do que poderia imaginar. Não importa a quantidade de clichês, mas da consciência de que tudo isso já foi visto além da conta.
O casal protagonista esbanja carisma e química. Tanto Camila Mendes (de Justiceiras) quanto Archie Renaux (de Catarina, A Menina Chamada Passarinha) mostram potencial para ir além do que o filme coloca para eles; ambos ainda em início de carreira, sua postura aqui é suficiente para torcer por um belo futuro a ambos. Quem os rodeia tem ainda mais valor, a começar pelo luxo que é ter Marisa Tomei (vencedora do Oscar por Meu Primo Vinny) e Lena Olin (indicada por Inimigos) no elenco. Não são participações pequenas, e ambas emprestam o manancial sem fim de talento para credibilizar o projeto como um todo. Anthony Head está igualmente muito bem e muito divertido, e essa são características que o filme vende bem; Upgrade: As Cores do Amor tem leveza sem deixar de ser engraçado.
Esteticamente não há nada na produção que o torne relevante para sair da zona de ‘sessão da tarde inofensiva’, e narrativamente não estamos diante de algo que foi feito para provocar atropelos. Mas próximo do longa oitentista de Mike Nichols, Upgrade: As Cores do Amor mostra que a ânsia por reconhecimento e um lugar ao sol não é passageira. Quando viemos de baixo, não existe vontade de cumprir um papel e voltar ao início do jogo. Tudo que é feito para ser alguém não pode ser tratado com leviandade, pois a batalha para chegar onde se está é longa, não pode ser diminuída. Aqui, vemos uma juventude até afim de ter alguém, mas precisando muito mais de uma realização que os dê voz.
Um grande momento
O encontro no avião