Em coletiva virtual, Gary Oldman falou com ironia e afeto sobre o espião Jackson Lamb, personagem que interpreta há cinco temporadas em Slow Horses, série de sucesso da Apple TV+. O ator confirmou que a produção já tem seis temporadas gravadas e a sétima em andamento, mantendo o ritmo acelerado de filmagens que virou marca da série.
“Foi uma decisão consciente”, contou. “Temos temporadas prontas, o que é raro hoje em dia. O público se envolve, investe tempo, e de repente precisa esperar três anos pela próxima. Queríamos evitar isso. A série mantém o vínculo com quem assiste.”
Oldman destacou o prazer de interpretar alguém sem filtros como Lamb. “É libertador viver um sujeito que fala o que pensa. Ele é um velho ranzinza, sarcástico, mas divertido. É o tipo de personagem que diz o que todos gostariam de dizer, e que eu jamais diria na vida real.”
O ator também revelou detalhes sobre a nova fase do personagem. “A cada temporada, a gente descasca mais uma camada da cebola. Em Slow Horses, descobrimos um pouco mais sobre o passado dele em Berlim, antes de Slough House. Mas Lamb é o que é. O molde já está feito.”
Questionado sobre o humor ácido e o aparente cinismo do personagem, Oldman defendeu que há algo mais por trás: “Ele provoca, mas também protege. Usa o sarcasmo como uma armadura. Ele sabe que mediocridade nessa profissão mata e cobra isso dos outros. Mas, no fundo, ele se importa mais do que deixa parecer.”
Sobre o tom da série, o ator credita o sucesso ao texto de Mick Herron, autor dos livros que inspiraram a produção. “Está tudo na escrita. O texto é a alma. Sem ele, o personagem viraria caricatura. Herron criou um universo sólido, e nós apenas seguimos a trilha.”
A rotina de filmagens, segundo Oldman, é hoje uma das mais leves de sua carreira. “Já usei montanhas de próteses, figurinos pesados, perucas e sotaques. Agora, levo cinco minutos pra me vestir. É um alívio. Tenho um único casaco, minha homenagem a Peter Falk, de Columbo.”
Com humor, ele brincou sobre a possível morte do personagem: “Mick Herron me disse que já sabe quando e como Lamb morre. Eu preferia não saber, pra não ficar neurótico. Mas se for pra acontecer, que seja um final à altura.”
A devoção ao elenco e à equipe é outro motivo que o mantém na série. “Viramos uma família. Quando alguém sai, como o Kadiff [Kirwan], é devastador. O set perde um pedaço da alma. Mas é isso que faz Slow Horses especial, o afeto real por trás de toda aquela sujeira e cinismo.”
Com o sucesso de público e crítica, Oldman segue firme no papel. E, como o próprio Lamb, parece à vontade com o caos. “Acho que ele é um velho chato encantador. Um desastre humano, mas um desastre que eu adoro interpretar.”


