(Watchmen, GBR/EUA/CAN, 2009)
Ação/Fantasia
Direção: Zack Snyder
Elenco: Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Patrick Wilson, Carla Gugino, Robert Wisden
Roteiro: Alan Moore (história em quadrinhos – não creditado), Dave Gibbons (história em quadrinhos), David Hayter, Alex Tse
Duração: 163 min.
Minha nota: 7/10
Há muito tempo atrás um amigo me falou sobre a série de história em quadrinhos Watchmen. Lembro que procuramos bastante tempo sem muito sucesso até que ele conseguiu as revistas digitalizadas para baixar.
Muitos anos depois leio a notícia de que o viciado em HQs Zack Snyder, depois de levar às telas o também complicado 300, iria adaptar a história para o cinema. Apesar do sentimento de “não vai dar certo”, achava que só mesmo ele conseguiria atender aos fãs da série e chegar o mais próximo possível dos quadrinhos.
O comediante (Jeffrey Dean Morgan), um dos vigilantes mascarados, é assassinado misteriosamente e Rorschach, o único do grupo que continuou trabalhando ilegalmente como justiceiro, mesmo depois da determinação governamental, resolve investigar a morte e aletar seus antigos companheiros sobre o possível perigo. A coisa vai se complicando e toma proporções inimagináveis.
E o melhor da história está muito além do que aconteceu e vai acontecer. Ver super-heróis tão humanos, cheios de falhas, desvios e vícios, é uma coisa com a qual ainda não estamos acostumados e foi justamente isso que fez de Watchmen uma história inesquecível e de Alan Moore um dos maiores escritores do gênero.
A trama, adaptada pelos competentes David Hayter (X-Men) e o novato Alex Tse, é tão fiel aos quadrinhos como queriam os fãs mais ardorosas e até consegue causar um clima na platéia, mas muita coisa não precisava estar ali e outras, mais necessárias, foram deixadas de fora. A pitada de violência dada pelo diretor (bem maior do que a existente na HQ), esteticamente é impecável, não prejudica, mas também não acrescenta nada à trama.
O tempo de algumas cenas, principalmente as mais parecidas com os quadrinhos é bem inconstante e os muitos flashbacks e a quantidade de diálogo que envolvem Richard Nixon fazem com que a experiência no cinema seja cansativa e nem mesmo o visual estonteante consiga diminuir o incômodo.
Diferente de Matheus Potumati, acho que o elenco não prejudica o filme. Gosto do grandalhão Morgan (P.S.: Eu Te Amo) como Comediante, particularmente, e do sempre excelente Jackie Earle Haley (Pecados Íntimos), como Rorschach. Crudup (Quase Famosos), Wilson (Pecados Íntimos) e Akerman (Antes Só do que Mal Casado) não comprometem e também gosto do tom dúbio que Goode (Match Point) dá a seu personagem sem exagerar.
Com muita coisa boa e alguns tropeços, no final das contas o filme é visto de maneira diferente por quem o assiste. Enquanto pensava que minha insatisfação vinha de algumas sobras que ocuparam o lugar de coisas importantes, como as falas do Coruja original e alguns traços das personalidades dos vigilantes, vi que mais insatisfeitos ficaram os que não conheciam a história.
Quem estava comigo nunca chegou perto dos quadrinhos e os comentários foram os mesmos no fim da sessão: um monte de histórias amontoadas e sem muito sentido.
Analisando pelos dois lados, dos que conhecem e dos que não conhecem, fica a sensação de que o filme não chega a seu objetivo. Não funciona bem com os novatos e não alcança a excelência que muitos fãs esperam.
E, sem medo de errar, Alan Moore deve estar decepcionado com a adaptação de outra história sua, mesmo que Watchmen seja muito melhor do que A Liga Extraordinária, mais completo do que Do Inferno e mais fiel do que V de Vingança (este último, meu preferido).
Mas, mesmo com os problemas, é um bom filme de ação e até uma boa adaptação de quadrinhos. Merece ser assistido principalmente por seu visual e, não preciso nem dizer, é completamente imperdível para aqueles que são fãs. Mesmo que não seja perfeita, é a história ali, com voz e movimento, na nossa frente.
Para quem já leu: segundo a Warner, a história de piratas Contos do Cargueiro Negro de dentro de Watchmen estará disponíveis no dvd.
Um Grande Momento
O teste de Rorschach.
Links
” O mundo é uma grande piada”
Jackie Earle Haley + ótimo roteiro ( escrito por Alan Moore e revisado por Alex Tse e David ”Snake” Hayter)+ Visual estilizado = Watchmen – The movie
8,5
Oi, pessoas!
Wallace – Eu nem achei o Goode tão ruim assim, mas senti falta de algumas histórias. E, sem dúvida, a sequencia inicial é muito boa!
rodapedohorizonte – Concordo com você. Mas acho que quem leu sempre fica mesmo com aquele gostinho de quero mais na boca.
O Cara – Leia! Acho que você vai gostar muito! Vai achar a história muito melhor do que o filme e vai tirar as tais dúvidas!
Robson – Eu sei como é isso. Está difícil ir ao cinema por aqui também.
Snake – Que bom que vc já conseguiu! Espero que goste muito!
Amanda – O problema é criarmos uma relação tão forte com alguma coisa, eu acho. Mas, acho que não iria dar para fazer diferente mesmo!
Beijocas a todos!
obrigado :P
Snake, não é bem a minha incentivar a pirataria, :p, mas no blog do Coringa tem a série completa. Mas, eu prefiro a coleção bonitinha em minha casa.
http://coringa-files.blogspot.com/2008/04/download-12-revistas-de-watchmen-em-um.html
Cecília, engraçado, eu fiquei pensativa um bom tempo ao sair do cinema, o filme traz reflexão também. Acho que o que falta é o nosso ritmo em cima dos quadrinhos. Claro que são mais informações, outra relação. Achei uma boa adaptação, mesmo mudando o final. Agora, quem não leu bóia um pouco, mesmo com o resumo inicial.
boas.. sera que podias arranjar o link/blog/site das revistas digitalizadas para baixar… obrigado
cump
Preciso ver… o negócio é o tempo!
Eu sempre ouvi falar, mas nunca li principalmente pela dificuldade de achá-la no Brasil… Agora depois do filme ficou fácil e achei muito rápido digitalizada mas ainda não li… O filme eu achei excelente, mas tenho certeza que algumas dúvidas só serão tiradas ao ler as hq’s…
Opa.
Valeu o comentário. =) Engraçado que eu, pelo menos, tenho visto o pessoal que não leu a HQ gostando mais do que quem leu… Pelo menos entre os meus amigos mais próximos, não digo também que seja lá uma amostragem muito grande =P
Mas acho que o essencial do filme é esse mesmo: ele tenta agradar demais tanto quem leu como quem não leu a HQ, então corre o risco de acabar não agradando o suficiente nenhum dos dois, embora também não dê pra generalizar em nenhum dos casos. Mas, defeitos à parte, é um filme interessante também, e com alguns momentos (como a ótima cena dos créditos iniciais) que acabam valendo a pena de qualquer forma.
Tenho uma impressão semelhante à sua, Cecília, e concordo totalmente que, até surpreendentemente, o filme esteja fazendo mais sucesso com os fãs da HQ do que com aqueles que não a leram. Eu li, e adorei o filme, adorei as soluções encontradas pelo Snyder, tanto para a apresentação inicial dos antigos vigilantes (naquela deliciosa sequência ao som de Bob Dylan), quanto para o epílogo. O filme tem problemas de ritmo, acho o Goode bem fraquinho, e queria uma participação maior do Hollis Mason, inclusive mostrando o que acontece com ele no fim das contas.
Mas saí do cinema sorrindo de orelha à orelha …