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Um Beijo Roubado

Visto no Cinema(My Blueberry Nights, HKG/CHI/FRA, 2007)

Drama/Romance

Direção: Kar Wai Wong

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Elenco: Jude Law, Norah Jones, Rachel Weisz, David Strathairn, Natalie Portman, Cat Power

Roteiro: Kar Wai Wong, Lawrence Block

Duração: 90 min.

Minha nota: 7/10

Sem muito alarde acabamos vivenciando uma bela história de amor e amadurecimento. Após ser abandonada por seu namorado, Elizabeth resolve deixar as chaves do apartamento do ex em um bar freqüentado pelos dois. Em sua loucura pós-abandono, ela acaba se aproximando do dono do estabelecimente, Jeremy, um homem que conhece bem a frustração amorosa.

A amizade entre os dois vai crescendo e acaba virando algo mais, mas ela precisa fazer a sua viagem de auto-conhecimento antes de qualquer outra coisa e vai. No meio do caminho cruza com outras pessoas que também carregam a tristeza dentro de si. Um policial alcoólatra abandonado pela bela esposa e uma jogadora inveterada carente de amor paterno. Em comum, todos estão envolvidos em relações contaminadas pela dependência.

O primeiro filme completamente falado em inglês do cultuado diretor chinês Kar Wai Wong, que desta vez também dividiu o roteiro, é belo e interessante e, de uma maneira sutil e quase ingênua, vai tocando em pontos como a co-dependência e toda frustração futura que ela acarreta. Mas a beleza é que isso não está ali na nossa cara. É preciso ser digerido, conhecido e captado.

O roteiro é todo muito bem amarrado e, mesmo não sendo perfeito, não escorrega em momentos onde a apelação seria a saída mais fácil. O elenco está muito bem e Norah Jones, em seu primeiro e até agora último filme, consegue convencer e surpreende no papel da doce e perdida Elizabeth. Dos outros conhecidos nomes, merecem destaque David Strathairn, como o sofrido e desesperado policial, e Rachel Weisz, como sua esposa.

A trilha sonora é ótima e combina perfeitamente com as belas imagens do diretor de fotografia iraniano Darius Khondji. A cantora Cat Power além de ter uma música no filme também faz uma ponta.

Assim como a torta de blueberry (ou mirtilo, em português) do título original, o filme não agradou tanto ao público e aos críticos, e foi deixado de escanteio, ao lado de outras tortas tão mais vistosas e conhecidas, como Amor à Flor da Pele e 2046, esperando pela curiosidade daqueles que arriscam conhecê-lo e que, fatalmente, acabam adorando o sabor leve e diferente que experimentam.

Bonito, inteligente e sensível, deve ser visto por todos.

Um Grande Momento

A conversa de Sue Lynne e Beth no meio da rua.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Cannes: Palma de Ouro

Links

Site Oficial

Imdb

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. Oie!!!

    Hugo – Acho que ele pode até ter recaído aqui ou ali, mas na essência é o mesmo e sofrido Kar Wai de sempre…

    Tiago – Eu também, mas com certeza 2046 é muito mais tudo…

    Pedro – Muita gente não gostou. Talvez não fosse um bom dia, talvez você tenha se decepcionado. Quem sabe uma reconferida depois?

    Johnny – Concordo com você! É um filme lindo e que acaba sendo subestimado por causa das outras sensacionais obras do diretor.

    Marcel – É mesmo um elenco de primeira qualidade, mas achei muito bom como romance também, só que um pouco diferente. A cena do beijo é MARAVILHOSA. Só não foi a minha escolhida porque é a mais divulgada de todas as cenas.

    Jacques – Realmente o visual é sempre a melhor coisa dos filmes dele. Acho que se o filme fosse de outro diretor talvez a cobrança em cima dele fosse menor. Eu fiquei bem satisfeita…

    Beijocas a todos

  2. Won KAr Wai é um artesão – às vezes peca exagerando no estilo visual, em detrimento da força temática. Mesmo problemático, é um belo filme. Não nos esqueçamos de Natalie Portman, que aparece mais tarde no filme, dando um tom mais melodramático à história. Sua performance somente ratifica o quanto o filme é afetado e emocionalmente inerte. Apesar de adocicado com tortas, não satisfaz. Mas como vc mesma disse, vale ser visto.

  3. O elenco do filme foi pra mim um dos pontos altos, Weisz, Portman e Strathairn estão otimos. Até a Norah Jones tá bem. A fotografia é ótima, a trilha também e o filme tem uma direção segura, mas para um romance, ficou muito sutil. Concordo com a cena que você escolheu. =D Mas não dá pra deixar de comentar da cena do beijo que já nasceu clássica! Adorei.

  4. Adorei o filme … Um filme que explora filosoficamente o ser humano … além de ótimas atuações, trilha perfeita … já a direção … as cenas falam por si …

    Xerim Ceci!

  5. Não gostei muito. Ando meio rabujento, acho.

    Abraço!!!

  6. filme bonito dei uma choradinha discreta,

    Mas no 2046 eu queria morrer com o coração na mão, lindão.

  7. A história é interessante e o elenco bom, mas provavelmente o diretor acabou se rendendo um pouco ao estilo americano.
    O que pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista.

    Bjos

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