(The Reader, EUA/ALE, 2008)
Drama
Direção: Stephen Daldry
Elenco: Ralph Fiennes, David Kross, Kate Winslet, Jeanette Hain, Lena Olin
Roteiro: Bernhard Schlink (livro), David Hare
Duração: 124 min.
Minha nota: 7/10
O segundo título da noite foi o comentado O Leitor. Com grandes nomes no elenco, o filme conta a história de um adolescente que se envolve com uma mulher mais velha e a reencontra tempos depois como ré em um julgamento contra crimes nazistas.
O diretor Stephen Daldry é daqueles que sabe exatamente o que quer e em que hora quer. Nesse filme toda sua maestria é clara. Os atores estão bem dirigidos, as cenas têm um tempo preciso e tudo funciona muito bem.
Os atores também merecem todos os elogios. O trio princial (Kate Winslet, Ralph Fiennes e o jovem alemão David Kross) consegue transmitir com tanta facilidade os sentimentos de seus personagens que às vezes fica difícil ver que estamos diante de um filme.
A fotografia do filme, uma dobradinha dos craques Roger Deakins e Chris Menges; a música e o som fazem tudo casar corretamente e constróem um bom espetáculo. A arte é primorosa, os detalhes e a recriação de ambientes enchem os olhos.
Mas como nem tudo é a técnica e outras coisas são muito mais importantes para o filme funcionar, algo me incomodou muito na história (até o roteiro o bom, o problema é na história mesmo).
O filme é mais um dos muitos que tratam do holocausto. No caso, segue a nova tendência e deixa de focar as histórias na perseguição aos judeus e na limpeza étnica e volta-se para a sociedade alemã dentro do nazismo. Como os recentes O Homem Bom e O Menino do Pijama Listrado, tenta diminuir a culpa de uma população que não fez nada diante do absurdo.
Mas não é esse o motivo do meu incômodo. Como é que alguém comete um ato tão atroz e ainda consegue ser visto com piedade por alguém? Hannah Schmitz é uma mulher desprezível e manipuladora que não consegue nem mesmo encarar a sua própria ignorância, e faz com que tudo aconteça de modo que ela sempre se sinta satisfeita.
Apesar de não poder afirmar que a intenção do autor era mostrar que Hannah de alguma maneira se redimira de seus pecados, por mais de uma vez no filme, fica clara a insistência de Michael em justificar os erros da moça com a limitação de educação formal.
Acontece que todos esses detalhes fazem parte daquele pedacinho subjetivo do filme e que significa uma coisa para mim e outra para você e por isso não vai influenciar tanto na minha nota. Para se ter uma idéia, enquanto eu me indignava com alguns diálogos e seqüências, outras pessoas choravam com eles.
Sei que, tecnicamente, o filme é quase irrepreensível, deixando a dever só mesmo em uma ou outra maquiagem.
Merece ser visto, até para que a discussão do tema seja mais explorada.
Um Grande Momento
No campo.
Oscar 2009
Melhor Atriz (Kate Winslet)
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Oscar: Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Atriz (Kate Winslet), Fotografia (Roger Deakins, Chris Menges)
BAFTA: Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Atriz (Kate Winslet), Fotografia (Roger Deakins, Chris Menges)
Globo de Ouro: Filme de Drama, Direção, Roteiro, Atriz (Kate Winslet)
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Site Oficial
Cecília,
desculpe, mas pelo seu comentário "E, para mim, Hannah já era egoísta mesmo antes de entrar para a SS. Vejo seu lado negativo desde sua relação com o jovem Michael." percebi que você não entendeu o filme. A relação entre Hannah e Michael aconteceu DEPOIS da guerra e da passagem dela pela SS. E só aí você compreenderá o ressentimento de Michael ao não defende-la em tribunal.
não tem nem o q comentar foi o filme mais q me prendeu a atenção teve começo meio e fim muito bom.
ai, Ciça!
eu também não consigo enxergar a Hannah assim, baseio meu julgamento não pelas suas atitudes no campo de concentração, e sim nos motivos que a fizeram parar lá.. foi a vergolha pela ignorancia qe levou ela a esse fim, uma vez que, por mais dura qe parecesse ser, isso não a tornaria assassina por si só.
saudadees de ver filmes com você! =)
bjoo.
Oiee!!!
Mas é um filme diferente, Vinícius. Nem todos por lá estão confortáveis com o modo como o tema foi tratado. A cada dia que passa leio mais notícias negativas do lado de lá.
Ela está maravilhosa, Wally. E o filme tem grandes qualidades mesmo. Concordo com você, minha discordância é com o assunto e não com o cinema apresentado.
Beijocas para vocês dois
Gostei bastante do filme. Acho que apresenta falhas, mas é extremamente fascinante e belo. Kate está soberba.
Nota 8,5
Ciao!
Acho que fico com a segunda opção, visto que a Academia jamais se esqueceria de um filme com essa temática.
Oi gente!!!
Ibertson – Poxa, e porque não vai ver antes do Oscar então? Eu acho que este é bem superior ao Menino…
Pedro – Fiquei curiosa para ler o livro também…
Marcio – Vixe… E agora estreiam mais dois. O Casamento de Raquel e O Lutador. Ou seja, vc vai passar várias horas numa sala de cinema… Hehehehe.
Andressa – É o que eu disse. Cada um tem o seu jeito de reagir à figura de Hannah. O modo como eu vejo o nazismo, com certeza é diferente do modo que outras pessoas vêem (assim como o seu também) e isso faz com que algumas atitudes provoquem um efeito em mim que vai ser único.
Eu, por exemplo, não consigo ver o lado bom dela nem durante a relação dos dois, que seria mais uma fuga para a solidão de ambos. Mas ainda assim vejo a complexidade de sua personagem. A vergonha, o desapego, a crueldade, a solidão.
Concordo que Winslet está soberba e mereça o Oscar. Até agora não vi O Casamento de Rachel, mas as outras concorrentes não são páreo para ela.
O final do filme também me incomodou um pouco, mas nada tanto assim…
Brenno – A Hannah de Winslet é mesmo impressionante. E o mais impressionante é ver que, no mesmo ano, ela foi a terrível Hannah e a consumida April Wheeler, de Foi Apenas um Sonho.
Pedrita – Pois é. Acredito nisso, mas o que me incomoda é a omissão de todo um país. Para mim o “só cumpriam ordens” não é justificativa, entende? Ainda mais se você usa as pessoas antes para ter alguma satisfação pessoal.
E, para mim, Hannah já era egoísta mesmo antes de entrar para a SS. Vejo seu lado negativo desde sua relação com o jovem Michael.
Mas, como eu disse, essa parte do filme não pode ser mensurada e nem avaliada. Cada um viu um O Leitor, com certeza!
Bruna – Eu acho que o cinema é isso mesmo. Os sentimentos provocados vão mudando de acordo com a experiência de vida, das crenças e da visão de cada um dos espectadores.
Mas é um bom filme, sem dúvida!
Uma comunidade no Orkut! Que lindo!
Muito obrigada. Vou entrar sim… E vou divulgar aqui também!
Vinícius – Eu também achei isso no começo, mas pensando melhor e depois de tantas reações diferentes, acho que o filme tem um impacto interessante e acaba causando várias coisas nas pessoas.
Como gosto dele tecnicamente, acho que ele mereceu sim ser indicado, apesar de ficar aquela dúvida: a indicação veio pela qualidade ou por ser um filme sobre o holocausto?
Beijocas a todos!!!
Gostei bastante do filme, mas acho que foi mais uma pequena decepção dessa temporada do Oscar, afinal “O Leitor” não merecia tanta atenção por parte da Academia.
Oi Ciça.
Eu sou uma das pessoas que se emocionaram, talvez pela minha ingenuidade de achar que mesmo um monstro tem algo de bom.
Mas essa bondade que eu vi não tira a culpa de ninguém. Todos os que fingiram não enxergar, compactuaram com a morte de milhões.
Mudando de assunto, fizemos uma comunidade para o Cenas de Cinema no Orkut. Entra lá, tá?
E todo mundo que gosta do blog também. :)
Beijão!
eu não vejo a personagem dessa forma. como disseram nas aulas de direito, foram milhares de campos de concentração, 8 mil funcionários. não dá pra julgar todos. muitos só cumpriam ordens. e quem não cumpria ia pro campo junto com os outros. beijos, pedrita
Kate WInslet merece todos os Oscars, ela construiu uma Hanah que mesmo culpada pelos seus atos, consegue apaixonar o especatdor.
Eu acho que o que mais me incomodou foi o final do filme. Além de não ter sido um bom final, deveria ter sido antes. Esticaram demais. Kate Winslet está soberba, merecendo um Oscar. Não acho que Michael fique tentando desculpar as atitudes atrozes dela. Só acho que ele tenta compreender como uma pessoa que, aos olhos dele, parecia tão maravilhosa poderia ter uma faceta tão monstruosa. Todos conhecem o lado vergonhoso de Hanna, enquanto Michael conhece profundamente a dimensão humana e cativante dela. Acho que isso contribui para a construção da complexidade da personagem. Ela não é unidimensional. Ela é ignorante, de fato, mas tem um lado bom. Não acho que isso diminua a culpa dela, nem de ninguém. Aliás, acho que o filme não ameniza a culpa, mas toca numa ferida que teima em não cicatrizar. Eu saí do cinema muito perturbada com essa perspectiva.
Estou em falta com os filmes do Oscar. Pretendo resolver esse problema este final de semana.
Assim que terminar o livro vou ao cinema ver o filme. Deve ser muito legal.
Quero muito ver esse filme, mas acredito que não vou ver antes do Oscar. Filmes sobre o Holocausto geralmente me agradam, como o recente O Menino do Pijama Listrado.