(Linha de Passe, BRA, 2008)
Drama
Direção: Walter Salles, Daniela Thomas
Elenco: Sandra Corveloni, João Baldasserini, Vinícius de Oliveira, José Geraldo Rodrigues, Kaique Jesus Santos, Roberto Audi, Denise Weinberg, Ana Luiza Garritano
Roteiro: George Moura, Daniela Thomas, Bráulio Mantovani
Duração: 108 min.
Minha nota: 9/10
Quando você vê mais um filme que fala sobre a pobreza no país, já pensa logo que vai ver na tela uma repetição de outras produções brasileiras que passaram pelo cinema recentemente. Linha de Passe prova que as coisas podem ser muito mais do que esperamos.
Ao acompanhar o cotidiano de uma família com quatro irmãos e sua mãe solteira (agora grávida do quinto filho), Walter Salles e Daniela Thomas optam pela simplicidade, pela realidade e mostram que existe muito mais sobre a vida dessas pessoas do que a recorrente violência.
Misturando o fervor das torcidas de futebol ao dos fiéis frequentadores de uma igreja evangélica e relacionando-os, somos apresentados à família de Cleuza (Sandra Corveloni), uma empregada doméstica e torcedora do Corinthians que faz de tudo para criar bem os filhos e manter sua família unida.
Dênis (João Baldasserini) é motoboy e quer, ao mesmo tempo, pagar as prestações da moto e ajudar seu filho, fruto de uma gravidez indesejada; Dinho (José Geraldo Rodrigues) é frentista de um posto de gasolina e deixou a vida mundana para se dedicar totalmente à religião evangélica; Dario (Vinícius de Oliveira) quer ser jogador de futebol e vive de peneira em peneira, mesmo depois dos 18 anos; Reginaldo (Kaique Jesus Santos), o único irmão negro, passa os dias andando de ônibus pela cidade a procura de seu pai.
Com um roteiro que não apela e passa longe de ser piegas, vamos nos envolvendo muito com o filme. A realidade dura e triste, acentuada pela excelente trilha de Gustavo Santaolalla e a fotografia atenta de Mauro Pinheiro Jr., fazem com que a nossa torcida por cada um dos personagens só aumente.
Mas é um filme dolorido e até por conhecermos os problemas envolvidos sabemos que a solução está bem distante. Cada momento de felicidade é um respiro e tem que ser vivido em sua completude, até por quem apenas acompanha a história.
Muito do brilhante resultado acontece por causa do elenco pouco conhecido mas competentíssimo. As interpretações são marcantes, mesmo sendo sutis e cada personagem conquista à sua maneira.
E, respondendo às várias pessoas que me perguntaram, Sandra Corveloni merece sim cada prêmio e cada elogio que ganhou.
Uma das maiores surpresas do ano passado. Indispensável!
Um Grande Momento
A linha de passe entre os irmãos.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Cannes: Palma de Ouro, Atriz (Sandra Corveloni)
Festival de Havana: Grande Coral – Segundo Prêmio, Atriz (Sandra Corveloni) e Edição (Gustavo Giani, Lívia Serpa)
Links
|
Olá, pessoas!
Jeniss – Eu também acho muito bom, mas ainda prefiro Estômago.
Pedrita – É sim mais um filme que fala da pobreza, mas só que de uma maneira completamente diferente dos outros. Você não vê a violência como personagem principal, mas sim como uma coadjuvante.
E eu também não vejo problema em falarmos de problemas sociais, o problema é termos uma produção voltada unicamente para isso, o que não foi o caso do ano passado.
Diferente de você, acho Linha de Passe um filme bem diferente dos outros.
Anderson – Nossa não achei isso não. E por que vandalismo acerca da religião protestante?
Não acho que o filme assuma um lado ou defenda alguma verdade. Também não acho que ele tenha colocado os motoboys como vilões, afinal de contas, não são todos que praticam delitos. E o final dá uma boa conta do que isso representa para Dênis também, não defendendo ou justificando em nenhum momento os fatos (é bom lembrar que ele não é filho único).
Para mim ele é muito mais positivo do que negativo.
Vinícius – Pois é. Achei que Salles e Thomas surpreenderam ao pegar um tema batido e mostrar que é possível fazer um bom filme sem se render às facilidades que outros procuram.
Claudio – Acho o final do filme sensacional. A gente fica com a sensação de que aquela felicidade tem que ser vivida em sua plenitude pois ela tem data de validade e tudo vai voltar a ser como antes.
Pedro – Sem dúvida é muito melhor que os outros dois. Parada é um filme morno, sem nenhuma justificativa. Meu Nome é um filme legal, mas não é tão significativo como Linha de Passe.
Beijocas a todos!
Bonito filme nacional deixado de lado pelo excesso de Última Parada 174 e Meu Nome Não é Johnny.
E o final do filme? Uma decepção. Bem conduzido, uma historia bem contada, mas o desfecho…
Eu também gostei bastante de “Linha de Passe”, inclusive acho que é um dos poucos filmes nacionais recentes que sabem falar sobre a pobreza de uma forma bastante diferenciada – e você foi certeira quanto aos seus comentários.
“Linha de Passe” não é um filme acima da média, como boa parte do público esperava. O longa segue aquela velha fórmula de filmes brasileiros com sexo, drogas e violência. E neste caso ainda tem o futebol e o vandalismo a cerca da religião protestante. Além disso tudo, os motoboys são colocados como vilões do trânsito, crimes, entre outros aspectos negativistas. A busca da justificativa da violência no contexto onde o indivíduo foi criado é outra causa defendida por “Linha de Passe”. E raros são os casos neo-defendidos pelo roteiro, tornando-se exceções.
Apesar de todos os contras, expostos no parágrafo acima, o filme conseguiu dosar os pontos positivos e negativos que o deixou na mediania.
NOTA (0 a 5): 3
***
eu gostei, mas não achei tão maravilhoso assim! e sim, achei que é mais um filme que fala da pobreza. nada demais, mas infelizmente estão repetindo demais os temas e fazendo filmes sociais demais. antes eu até refutava quem falava que só falávamos de favela, violência e sertão. mas há poucos meses tenho começado a concordar. andam exagerando na repetição dos temas. sim. linha de passe é bom. mas se misturou a tantos sobre o mesmo tema. sem grandes diferenciais. beijos, pedrita
pretendo rever esse filmes nos próximos dias. junto de “Estomago”, é o melhor nacional do ano q passou.
abraço, Cecília.
:)