Crítica | FestivalFIC Brasília

No Meu Lugar

(No Meu Lugar, BRA, 2009)

Uma abordagem policial mal-sucedida é o ponto de convergência entre três histórias de vida no Rio de Janeiro.

Diferente da abordagem tradicional de bandido e mocinho, o diretor Eduardo Valente não se atém à necessidade de definir valores para cada um dos envolvidos na trama e desperta o interesse do públioo ao optar pelo multiplot (narrativa com mais de um núcleo).

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Uma casa em Laranjeiras é o local onde vários momentos temporais diversos se encontram. Dramas familiares, incompreensões e o sofrimento de histórias separadas acabam todos ali e fazem parte de um retrato da atual violência local, que apesar de não ser explícito, está em todos os lugares.

A montagem precisa de Quito Ribeiro é fundamental para o filme, assim como o roteiro elaborado, uma parceria de Valente com Felipe Bragança, que cria personagens interessantes, apesar de cair na tentação de mostrar demais o que já estava claro e de acreditar em diálogos pouco críveis.

A arriscada opção por uma fotografia escura, bem conduzida por Mauro Pinheiro Jr, é coerente, assim como a trilha sonora, que não tem problemas ao invadir tempos que não são lineares.

Os atores, bem à vontade nos papéis, também são um ponto positivo do filme.

Mesmo com tantas qualidades e com o mérito de ser um filme que pode ser consumido pelo grande publico, Em Meu Lugar tem alguns deslizes incômodos. A necessidade de explicitar a ligação dos eventos é o mais grave deles, principalmente quando feitos à insistência (garrafa de whisky); o apelo em alguns diálogos que tentam apimentar o que já é suficientemente complexo (pai e filha na praia) e a manutenção de cenas menores longas demais.

Mas é um bom exemplar do novo cinema nacional, que está buscando novas formas de se contar uma história. Além disso, só por ser uma nova abordagem do problema da violência urbana já merece ser conhecido.

Um Grande Momento

O que não vemos.

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Drama
Direção: Eduardo Valente
Elenco: Marcio Vito, Dedina Bernardelli, Luca de Castro, Luciana Bezerra, Licurgo Spinola, Malu Rocha, Raphael Sil
Roteiro: Eduardo Valente, Felipe Bragança
Duração: 113 min.
Minha nota: 6/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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