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O Homem Mau Dorme Bem

(O Homem Mau Dorme Bem, BRA, 2009)

O nome do novo filme do diretor veterano Geraldo Moraes, à primeira vista, remete a um dos filmes menos comentados da filmografia de Akira Kurosawa: Homem Mau Dorme Bem. Com histórias e personagens bem diferentes, o exemplar produzido pelo Distrito Federal também trata de uma vingança.

As vidas de três pessoas se cruzam em um posto de beira de estrada, no interior do interior do Mato Grosso, e, embora não pareçam ter muita coisa em comum, essas pessoas estão ligadas por acontecimentos anteriores.

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Ainda que tenha alguns problemas de roteiro, o filme ganha muitos pontos por tentar voltar ao antigo modo de fazer cinema. Em um momento onde a compreensão do que é visto está sempre acompanhada de descrições, explicações, falas e até mesmo texto, é curioso assistir a um filme que confie tanto em sua mensagem como na capacidade do público de compreendê-la.

O mau-costume, porém, causa algum desconforto nos que não estão preparados para a experiência. A ausência de textos internos como “há dois anos”, ou similares, nas elipses de tempo, por exemplo, parece incomodar, mas abre os olhos do público e do cinema como um todo para o excesso de informação e esvaziamento do significado audiovisual, para a transformação do cinema em uma espécie de complemento da televisão e para a pasteurização da verborragia idiotizante do cinemão estadunidense.

Apesar de algumas escorregadas, como a desnecessária conversa com o cachorro, Geraldo Moraes aposta na criação dos personagens e no silêncio explicativo e o faz muito bem. A idéia de filmar quase toda a história em um posto de gasolina, como em um road-movie às avessas, também é curiosa, como é curioso o Brasil escondido dentro de si mesmo a quem o público é apresentado.

Com boas interpretações de Simone Iliescu, Bruno Torres e Luiz Carlos Vanconcelos e uma curiosa história de amor, vingança e sobrevivência, O Homem Mau Dorme Bem está longe de ser perfeito, mas diverte e entretém. Além de ter tanto significado ao apostar em uma linguagem quase esquecida por aqui.

Um Grande Momento

Gosto do suspense do início.


Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)

Festival de Brasília
: Filme

Drama
Direção: Geraldo Moraes
Elenco: Luíz Carlos Vasconcelos, Simone Iliescu, Bruno Torres, Mariana Nunes, Alex Ferro, André Reis, Chico Sant’anna
Roteiro: Geraldo Moraes
Duração: 90 min.
Minha nota: 6/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
2 Comentários
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it was RED - Para quem gosta de cinema
it was RED - Para quem gosta de cinema
24/11/2009 02:01

Parece ser um excelente filme. O interessante é que esse é um longa brasileiro que se distancia do ponto comum cinematográfico nacional de falar sobre favelas. Sinceramente, espero que essa película tenha uma grande repercursão aqui no Brasil.

Deixei para ti um selo. Para pegá-lo, passe no meu blog. Abraço e parabéns!

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