Crítica | Streaming e VoD

Na Mira da Morte

(Assassins Run, EUA/RUS, 2013)

Ação
Direção: Robert Crombie, Sofya Skya
Elenco: Christian Slater, Sofya Skya, Cole Hauser, Angus Macfadyen, Marianna Khalifman, Svetlana Tsvichenko, Alexander Rapoport, Romuald Makarenko, Boris Birman
Roteiro: Mikhail Gutseriev (ideia), Diana Cohen, Sergey Veremeenko
Duração: 90 min.
Nota: 1 ★☆☆☆☆☆☆☆☆☆

Nada como ser líder de audiência para, com uma propaganda risível, colocar um monte de gente na frente da televisão assistindo a um filme de gosto duvidoso. Comentário geral nas redes sociais, Na Mira da Morte foi o filme “nunca visto na televisão e nos cinemas” escolhido pela Globo para o Tela Quente desta segunda-feira (2).

O longa conta a história de uma bailarina russa de fama internacional que tem o marido, um empresário americano, assassinado e começa a ser perseguida por bandidos que querem umas ações ao portador deixadas pelo falecido. Ela vai parar na cadeia, tem a filha pequena sequestrada, mas, contando com suas técnicas avançadas de balé, vai tentar reverter a situação.

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Confirmando a impressão deixada tanto pela propaganda, quanto pela sinopse, não precisa ir muito longe para descobrir que tudo isso não vai além de provocar gostosas gargalhadas naqueles que tentam assistir ao filme. E é só.

Protagonizado e codirigido pela reconhecida bailarina russa Sofya Skya, o filme não consegue se definir muito bem nem como suspense, nem como ação. O roteiro, uma parceria do marido de Skya, o empresário Sergey Veremeenko (também produtor) e de Diana Cohen, é cheio de buracos, soluções mágicas e diálogos fracos, mas frases como “só os malvados vão morrer” acabam sendo o menor dos problemas quando comparadas com o resto do pacote.

Logo de cara, nota-se que a montagem tem problemas graves. As primeiras cenas de balé podem ser plasticamente bonitas, mas intercaladas com as interações da filha da protagonista (que é uma fofíssima) e a ligação que o marido recebe, se perdem antes mesmo de conseguir despertar algum interesse no filme. Para piorar, a qualidade interpretativa de Skya, formada com méritos na escola Cigano Ygor de drama, é nula.

Some-se a isso personagens completamente inverossímeis e absurdos, como o novo amigo que anda para todos os lados tocando uma gaita ou o assassino que faz um barulhinho com a boca toda vez que mata alguém, e um produção completamente descuidada – a cadeia é cheia de ratos e baratas, mas as presidiárias estão sempre limpinhas, com roupinhas passadinhas e lenços branquíssimos na cabeça.

Entre tanta coisa errada, porém, eis o grande motivo para se assistir ao filme: o balé fu. Pois é, quando tudo está completamente perdido e com cara de irrecuperável, chega Skya com seu fouetté en tournant seguido de grand battement fatal. Plié, sauté e pancada. O atrativo, claro, são os golpes de dança ultra avançados ou os passos da luta, como preferir. Tudo tão absurdo e surreal que é impossível não cair na gargalhada.

Pena que nem isso o filme sabe aproveitar direito, demorando muito para investir na ideia e se dedicando pouco a ela. Mas que ver alguém lutando balé diverte, isso diverte. Ainda bem, porque se com isso Na Mira da Morte já é quase impossível de ser assistido, imagina sem.

O título do filme não é ruim só no Brasil. Lá fora ele se chamaria White Swan, mas, talvez por respeito à obra de Darren Aronofsky, acabou virando Assassins Run.

Um Grande Momento:
Revidando na cadeia.

Na-mira-da-morte_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kQmVENKZh9g[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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