(Mad Max: Fury Road, AUS/EUA, 2015)
Direção: George Miller
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Josh Helman, Nathan Jones, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley, Riley Keough, Courtney Eaton
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy, Nick Lathouris
Duração: 120 min.
Nota: 8
No final dos anos 1970, o realizador George Miller levava aos cinemas do mundo a primeira parte da saga de um justiceiro. Fortemente influenciada pelo cinema de western americano, tanto por sua estrutura, como por sua motivação principal, e tendo como cenário o inexplorado deserto australiano, a trilogia Mad Max, que contava então com Mel Gibson no papel de Max, impressionou quem a assistiu.
Eis que 36 nos depois, Miller retorna ao mundo criado por ele em 1979. Com um visual delirante e uma tensão contagiante, aquele universo apocalíptico estava de novo nos cinemas. Agora com Tom Hardy na pele de Max, conhecemos um mundo dominado por Immortan Joe. Um sobrevivente que dominava toda a população ao ser o detentor do bem primordial à população: a água.
Do alto de seus 70 anos, o diretor apresenta um vigor cinematográfico e uma compreensão das técnicas audiovisuais que chamam a atenção. Filmando sem toda a parafernália que domina o cinema de ação atualmente, contando com os elementos mais banais para a criação da tensão, como tempo de cena e trilha sonora, Miller demonstrou ser mais atual do que muita gente que acha que está fazendo cinema diante da tela verde.
Além de todo o apuro visual e das perseguições frenéticas, há muita coisa por trás de Mad Max: Estrada da Fúria. A primeira a ser percebida é toda a manipulação para a perpetuação no poder de Immortan Joe. Já decrépito, ele finge ser aquilo que não é e usa métodos conhecidos para sua manutenção de sua soberania.
A falsa superioridade é alimentada com a propaganda de uma saúde e poder inexistentes, a constante possibilidade de procriação e promessas vazias de uma salvação. É através dessa manipulação da fé que o “imperador” domina seus exércitos, criados e guiados para atender seus pedidos cegamente; mantém seus escravos comportados e ativos, e encontra uma justificativa para ser o homem que controla a liberação ou não da água, sem manifestações ou rebeliões.
Mas o mais importante de Mad Max: Estrada da Fúria está no modo como George Miller aborda a mulher. Mais do que feminista, o filme é feminino. Tratadas como peças chave para a humanidade, pois sem elas, seria impossível a existência humana, o diretor reafirma, indo ao cerne da questão, algo que transcende o empoderamento feminino por ser um poder que nunca deixou de ser da mulher.
Ao optar por dar a Max um papel de coadjuvante, o diretor acerta no alvo. Mas, muito mais do que ver Furiosa destruindo tudo, liderando a única rebelião que realmente colocaria um ponto final no domínio de Immortan Joe e buscando sua shangri-lá feminina, Miller sacode quem assiste ao filme ao reafirmar que sem elas, nada existiria. Simples assim. O que, obviamente, causou muito incômodo na comunidade machista mundial.
Mas, mensagens e subtextos à parte, Mad Max: Estrada da Fúria é um daqueles filmes que a gente tem prazer em assistir pela diversão mesmo. Um exemplo de blockbuster eficiente e marcante. Sem se descuidar nem um minuto da técnica, fundamental para a potência daquilo que imprime na tela em ritmo frenético e desesperador, há diversas passagens que ficam na memória.
Miller consegue fazer com que o espectador – principalmente nas sessões de cinema em 3D – grude na cadeira e prenda a respiração em determinadas sequências, terminando-as quase com a impressão de ter areia grudada no próprio corpo. Criar sensações tão reais assim é coisa para poucos.
Tanto pelo que se vê, quanto pelo que se ouve e pela mensagem que sai do cinema dentro de quem o assiste, Mad Max: Estrada da Fúria é um filme que precisa ser conhecido. Não é à toa que tem ganhado tantos prêmios por aí. E quando se viu um blockbuster ser tão reconhecido assim?
Um Grande Momento:
A perseguição.
Oscar 2016 (indicações)
Melhor Filme, Melhor Direção
Melhor Fotografia (John Seale), Melhor Desenho de Produção (Colin Gibson, Lisa Thompson), Melhor Figurino (Jenny Beavan), Melhor Maquiagem e Cabelo (Lesley Vanderwalt, Elka Wardega, Damian Martin), Melhores Efeitos Visuais (Andrew Jackson, Tom Wood, Dan Oliver, Andy Williams)
Melhor Montagem (Margaret Sixel), Melhor Mixagem de Som (Chris Jenkins, Gregg Rudloff, Ben Osmo), Melhor Edição de Som (Mark A. Mangini, David White)
Links
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=IVmf82obaaA[/youtube]
Verdade, Giacomo. My mistake! Mas já foram todos corrigidos. Obrigada!
“Immortal Joe”, “Immortal Jack”… Boa crítica, mas não acertou em momento algum o nome do vilão.
O correto é Immortan Joe.