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White God

(Fehér isten, HUN/ALE/SWE, 2014)

Drama
Direção: Kornél Mundruczó
Elenco: Zsófia Psotta, Sándor Zsótér, Lili Horváth, Szabolcs Thuróczy, Lili Monori, Gergely Bánki, Tamás Polgár
Roteiro: Kornél Mundruczó, Viktória Petrányi, Kata Wéber
Duração: 121 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

A busca por uma purificação racial que, obviamente, torna os homens menos humanos: esse é o ponto nevrálgico de White Dog, filme húngaro escolhido como o melhor título da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes de 2014. Em um local distópico, a sociedade já alcançou a completa arianização e, com ela, desfez-se também dos sentimentos. O cinismo e a hipocrisia dominam as relações.

É neste mundo que vive Lili, uma adolescente que, de maneira bastante fria, é deixada com o pai que pouco conhece para que a mãe vá passar alguns meses na Austrália. A única companhia que faz com que a garota se sinta melhor é a de seu cachorro Hagen. Mestiço em um mundo de raças puras, o cão precisa de uma licença para permanecer solto e vivo, mas o pai da menina recusa-se a pagar.

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É na imposição de suas vontades que o pai, um ser bastante apático que se transforma, estabelece sua relação com a filha. O filme roteirizado pelo diretor Kornél Mundruczó, juntamente com Viktória Petrányi e Kata Wéber, separa-se em dois caminhos a serem seguidos: o desta relação e a jornada para a recuperação de Hagen. Unindo as duas história, a música.

Depois de uma impactante sequência inicial, os momentos seguintes deixam a sensação de que nada daquilo vai ser muito diferente dos muitos filmes de separação e busca protagonizados por animais longe de casa. Mas nada que dure muito tempo. Depois de um alívio com cenas de interação entre alguns animais, a coisa vai se consolidando na impressão das primeiras cenas.

White-God_interno

E vai muito mais longe do que se esperava. A metáfora criada por Mundruczó explora dois lados muito distantes: uma espécie de esperança transformada em carinho na relação da menina e a crueldade do ser humano, que depois de encontrar a frieza deixa de ver problemas na violência e seus excessos.

Chamam a atenção no longa-metragem a atuação da jovem Zsófia Psotta como Lili e todo o trabalho de treinamento dos cachorros presentes no filme. São mais de duzentos cães reais, muitos da região e treinados por uma enorme equipe de profissionais, que conseguem impressionar em suas cenas.

Além da interação entre os animais, que parecem mesmo comunicar-se durante o filme, há todo um cuidado com a direção de fotografia, assinada por Marcell Rév, que alterna seu eixo de acordo com seu principal objeto de filmagem. Sem falar que também cria quadros grandiosos e impressionantes, além de conseguir trabalhar bem com a iluminação.

Apesar de muitas qualidades e da história interessante, White God tem alguns problemas de ritmo e pode, por causa de algumas repetições e desnecessidades, parecer arrastado e cansativo. E escorrega um pouco no final também, mas nada que invalide a experiência.

Um Grande Momento:
A música.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=YT7UTzOE6YQ[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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