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Nossa Irmã Mais Nova

(Umimachi Diary, JPN, 2015)

Drama
Direção: Hirokazu Kore-eda
Elenco: Haruka Ayase, Masami Nagasawa, Kaho, Suzu Hirose, Ryô Kase, Ryôhei Suzuki, Takafumi Ikeda, Kentarô Sakaguchi, Ôshirô Maeda
Roteiro: Akimi Yoshida (manga), Hirokazu Kore-eda
Duração: 128 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Há modos e modos de abordar uma situação, assim como há várias maneiras de contar uma história. Em Nossa Irmã Mais Nova, Hirokazu Kore-eda traz uma situação não tão feliz assim que, além de poder ter acontecido em qualquer casa, com qualquer pessoa, chega ao espectador pela lente da positividade e da delicadeza, algo bastante confortante em uma época de pessimismo, individualismo, falta de respeito ao próximo e extremismo pelos mais variados motivos.

Depois que o pai trocou a família por uma nova mulher e a mãe resolver ir embora, três irmãs com personalidades diferentes vivem em uma velha casa. Quando recebem a notícia de que o pai falecera, elas vão à cidade onde ele resolveu viver com uma terceira mulher e lá conhecem sua irmã mais nova, órfã de mãe e agora de pai.

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Envolto em muita doçura, o filme trabalha de maneira muito interessante com suas subcamadas. Elas são duras e contaminadas por uma tristeza que não é explícita, mas está sempre clara. Diferenças, mágoas e solidão vão dividindo espaço com muita cortesia e afeto, e envolvendo com a discreta confusão entre texto e subtexto. É assim que Kore-eda consegue realizar uma representação diferente daquele modo de olhar que busca sempre o caminho mais fácil.

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Não é a primeira vez que o diretor japonês dedica-se às relações familiares. Com um jeito sutil de filmar o cotidiano, lembrando especialmente aqui de seus conterrâneos Yasujirô Ozu e Yôji Yamada, Kore-eda, em Nossa Irmã Mais Nova, aposta no melodrama, nem sempre tão percebido em sua obra. Mas não há nada de piegas no filme e, tirando talvez a irmã do meio, corporal demais na definição de sua personagem, não há exagero nas atuações. Nem lágrimas que tenham sido provocadas de maneira covarde, como costumamos ver por aí.

Visualmente, o filme é outra daquelas maravilhas. Além das locações maravilhosas em Kanagawa, há ainda a capacidade do diretor de fotografia Mikiya Takimoto (Pais e Filhos) em construir quadros singelos. Nas atuações, os destaques vão para Haruka Ayase, a irmã mais velha, e Suzu Hirose, como a doce irmã mais nova.

Nossa Irmã Mais Nova é um daqueles filmes que, de um jeito sutil e pouco invasivo, faz com que simplicidade e felicidade voltem a ser objetivos de vida. Em um mundo que anda tão feio, mesquinho e intolerante, tomar uma dose de positividade como essa faz toda diferença.

Um Grande Momento:
O convite.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=_kpOE3s4Lrc[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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