Cinematografias de países com histórias semelhantes que se distanciam e se aproximam com o tempo. Pensar nessas cinematografias e num diálogo entre elas foi o desafio que Francis Vogner dos Reis, Pedro Butcher e Marcelo Miranda, trio de curadores da 12ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema. A intenção da mostra “Pontes Latino-americanas” é apresentar e debater a produção latino-americana ao longo dos anos. Passíveis de comparações e distanciamentos, as realizações foram buscar na inventividade e singularidade maneiras de representar a constituição de suas pátrias colonizadas e tomadas por ditaduras.
A 12ª Cine BH acontece de 28 de agosto a 2 de setembro na capital mineira, com exibições de filmes e várias atividades, todas gratuitas, em seis espaços culturais da cidade. Além de retornar à Praça Duque de Caxias, onde o evento teve início, com o Cine Sesc na Praça; a Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Teatro Sesiminas e MIS Cine Santa Tereza serão ocupados pelo mais puro e curioso cinema. Serão 75 filmes nacionais e internacionais, entre longas, médias e curtas-metragens, em 44 sessões de cinema.
Francis Vogner explica que “a temática surgiu primeiramente porque, há cinco décadas, o cinema latino-americano chegou ao seu auge, com proposições radicais de vários países e nomes que se tornaram fundamentais desde aquela época”. Segundo ele, “existiu um diálogo entre as nações, em especial as de língua espanhola, que foi se alterando e desaparecendo ao longo dos anos. Na América Latina, hoje, por mais que partilhemos historicamente diversos aspectos políticos e sociais, os cinemas, em cada país, são formalmente muito diferentes. É importante criarmos pontes para dialogarmos uns com os outros”.
Marcando o tema, a produtora argentina El Pampero Cine foi escolhida como homenageada da edição. Independente, a produtora busca novos modelos de realização, fugindo da industrialização e pasteurização do mercado audiovisual local e criando novas formas de financiamento, produção e distribuição. A diretora Laura Citarella representa a produtora no evento, onde ministra uma masterclass. Dois filmes da El Pampero Cine integram a seleção da mostra: La mujer de los perros, da própria Citarella, e La flor, de Mariano Llinás e grande vencedor da última edição do Bafici. Com quase 14 horas de duração, La flor será dividido em três sessões ao longo da mostra.
Confira os filmes selecionados para a Mostra Pontes Latino-americanas:
Longas-metragens
La mujer de los perros (2015), de Laura Citarella
La flor (2017), de Mariano Llinás
La telenovela errante (2017), de Raúl Ruiz e Valéria Sarmiento
Antígona (2018), de Pedro González-Rubio
Cocote (2017), de Nelson Carlo de los Santos Arias
Curtas e médias-metragens
Os Vampiros da Miséria (1977), de Carlos Maiolo e Luis Ospina
Revolución (1963), de Jorge Sanjinés
Me matan si no trabajo y si trabajo me matan: La huelga obrera en la fábrica INSUD (1974), de Raimundo Gleyzer
Me gustam los estudiantes (1968), de Mario Handler
Blá Blá Blá (1971), de Andrea Tonacci
La isla del tesoro (1969), de Sara Gomez
Cómo, Por Qué y Para Qué se asesina a un General (1971), de Santiago Álvarez
Além da temática principal, Belo Horizonte ainda tem muito cinema a apresentar. Para a abertura, além da apresentação da temática e da homenagem à produtora El Pampero Cine, acontece a exibição do longa-metragem paraibano Sol Alegria, de Tavinho Teixeira e Mariah Teixeira, com o cantor e ator Ney Matogrosso no elenco. Durante o evento, acontece o Brasil CineMundi – 9th International Coproduction Meeting, evento voltado ao mercado de audiovisual. Outras atividades paralelas também estão previstas, como debates, painéis, rodas de conversa, masterclass, oficinas, Mostrinha, sessões cine-escola e atrações artísticas.
“A CineBH é um espaço de formação, intercâmbio, lançamento e discussão da mais significativa produção cinematográfica atual”, define a coordenadora-geral do evento Raquel Hallak ao falar do evento que, “a cada edição renova seu compromisso de estabelecer diálogo entre as culturas, ampliar as oportunidades de negócios para o cinema brasileiro e promover a conexão de profissionais com o mercado audiovisual em intercâmbio com o mundo”, complementa.
Muitos filmes
Ainda dentro da temática latino-americana dois críticos e pesquisadores foram convidados a participar do evento com a Mostra Diálogos Históricos. O argentino Roger Koza e o brasileiro João Luiz Vieira escolheram produções significativas, que serão debatidas logo após as exibições. Koza selecionou o argentino Pajarito Goméz (1965), de Rodolfo Kuhn, e João Luiz optou pelo brasileiro Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle e Carlos Manga, e a co-produção mexicana-brasileira Aventura no Rio (1953), de Alberto Gout Àbrego.
Destaques brasileiros e internacionais formam a Mostra Contemporânea da 12ª CineBH. Do Brasil, estão as produções mineiras Espera, de Cao Guimarães, e Baixo Centro, de Samuel Marotta e Ewerton Belico; o capixaba A Mata Negra, de Rodrigo Aragão, e o baiano Abaixo a Gravidade, de Edgard Navarro. O português Tempo Comum, de Susana Nobre; o alemão Classical Period, de Ted Fedt; e o norte-americano Black Mother, de Khalik Allah estão entre os títulos internacionais escolhidos.
Na Mostra CineMundi, serão exibidos dois longas brasileiros que participaram de edições anteriores Brasil CineMundi e conseguiram realizar seus projetos em co-produções internacionais: Ferrugem, de Aly Muritiba, e Benzinho, de Gustavo Pizzi.
Há ainda uma seleção de curtas-metragens especialmente pensada pelo curador Pedro Maciel Guimarães para a Mostra Contemporânea. Serão 18 filmes de nove Estados (MG, GO, RJ, ES, CE, PE, SP, RS e DF). “Neste ano, temos curtas que reverberam posições estéticas da atualidade: como se posicionar criticamente face a acontecimentos do mundo contemporâneo; como ocupar o espaço urbano afetado por remoções compulsórias; como lidar com questões de autoafirmação; como retrabalhar códigos de gêneros em narrativas curtas”, destaca o curador.
A formação de novos públicos também está entre os objetivos da CineBH, com a Mostrinha e o Cine Expressão – A Escola vai ao Cinema, programa que une as linguagens cinema e educação e irá atender estudantes e educadores da rede de ensino com uma programação especial. Ao todo serão promovidas seis sessões de cinema que visam beneficiar mais de 3.000 alunos. Participam das sessões da Mostrinha e Cine-Escola o Palhaço Sufoco e os personagens da Turma do Pipoca.
Para conferir a programação completa e mais detalhes sobre a 12ª CineBH, acesse o site do evento.
Serviço
12ª CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
BRASIL CINEMUNDI – 9TH INTERNACIONAL COPRODUCTION MEETING
28 de agosto a 02 de setembro de 2018
LOCAIS DE REALIZAÇÃO DO EVENTO
Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes| Instalação da CENTRAL DO CINEMA – *Cine Humberto Mauro *Sala Juvenal Dias *Teatro João Ceschiatti *Jardim Interno *Jardim Pátio *Área de Convivência Cine-Café
Sesc Palladium| *GrandeTeatro * Cine Sesc Palladium (Sala Prof. José Tavares de Barros) * Foyer Rua Augusto de Lima
Cine Theatro Brasil Vallourec| *Grande-Teatro
Centro Cultural Sesiminas |*Teatro Sesiminas
MIS Cine Santa Tereza | *Sala de Cinema
Praça Duque de Caxias | * Cine Sesc na Praça * Praça Turma do Pipoca * Exposição
OBS: Para as sessões de cinema, os ingressos deverão ser retirados na bilheteria de cada espaço, 30 minutos antes do horário de cada sessão. Para a abertura e encerramento do evento também serão distribuídos ingressos e a entrada será por ordem de chegada respeitando a lotação de cada espaço.
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
REALIZADO COM RECURSOS DA LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA DE BELO HORIZONTE
Patrocínio: MATER DEI
Parceria Cultural: Sesc em Minas Gerais
Apoio: Ministério das Relações Exteriores, Embaixada da França no Brasil/ Instituto Francês Brasil para o Estado de Minas Gerais, Consulado Geral da República da Argentina em BH, Instituto Goethe, Cinema do Brasil, DotCine, Mistika, CiaRio, Cinecolor, Parati Films, Ctav, Rede Globo Minas, Mis Cine Santa Tereza, Appa.
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO