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Mentes Sombrias

(The Darkest Minds, EUA, 2018)
Nota  
  • Gênero: Ficção científica
  • Direção: Jennifer Yuh Nelson
  • Roteiro: Chad Hodge
  • Elenco: Amandla Stenberg, Mandy Moore, Bradley Whitford, Gwendoline Christie, Harris Dickinson, Patrick Gibson, Miya Cech, Mark O'Brien, Wallace Langham, Golden Brooks, Wade Williams, Makenzie Collier, Skylan Brooks, Peyton Wich, Catherine Dyer
  • Duração: 104 minutos

Dos mesmos produtores de Stranger Things e A Chegada, a adaptação do romance homônimo “Mentes Sombrias”, da jovem escritora Alexandra Bracken, dialoga com tramas como X-Men, Jogos Vorazes e o próprio seriado Stranger Things. O desafio maior do filme é conseguir se desvencilhar dessas outras produções e seguir caminho próprio.

Assim como as primeiras frases do livro, os primeiros momentos do filme já apontam para o drama maior da história. Repentinamente centenas de crianças começam a morrer. O número de mortes cresce rapidamente, chegando a atingir mais de 90% das crianças de todo o país, vítimas de um vírus desconhecido. As autoridades não sabem explicar e muito menos prevenir. No entanto, a maior preocupação do governo não é com os mortos ou como evitar novas baixas, mas sim o que fazer com os sobreviventes que apresentam super-poderes.

Twentieth Century Fox

Ruby é um dessas crianças e, sem saber os motivos, é retirada da casa de seus pais e levada para um campo de reabilitação. Lá descobre que faz parte de um grupo raro classificados pela cor laranja, que, assim como os vermelhos, são considerados letais e por isso devem ser exterminados. Para permanecer viva a garota se infiltra entre as crianças menos perigosas, classificadas pelas cores verde, azul e dourado. Ajudada por Cate (Mandy Moore), uma médica que defende secretamente uma causa, Ruby consegue escapar e inicia uma jornada ao lado de outras crianças fugitivas, num mundo que não reserva lugar a eles e muito menos com pessoas em quem possam confiar.

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A direção é de Jennifer Yuh Nelson (Kung Fu Panda 2 e 3), em seu primeiro longa live-action. Ela dirige a história com bastante dinamismo, consegue encaixar explicações e flashbacks sem atrapalhar a imersão na história. Os efeitos especiais, embora bem feitos, não mostram nada de espetacular, apenas cumprem o seu papel. A trilha sonora consegue pontuar em certos momentos a leveza de algumas cenas e ainda dialogar com o público mais jovem.

O elenco tem a jovem Amandla Stenberg (Jogos Vorazes) como protagonista, sem espaço para uma atuação mais densa. Bradley Whitford (Corra!), Gwendoline Christie (Star Wars: O Despertar da Força) e Mandy Moore (Um Amor para Recordar) tem participações menores. Ao lado de Amandla, Harris Dickinson (Ratos de Praia), Skylan Brooks (Nocaute) e Miya Cech completam o elenco principal.

Twentieth Century Fox

Com algumas reviravoltas previsíveis e uma história pouco original, o longa apenas insinua temas como preconceito e intolerância, que prevalecem fora das telas e páginas dos livros. Mentes Sombrias é dirigido por uma mulher, a protagonista é uma mulher, a história é adaptada de um livro escrito por uma mulher e busca ocupar um espaço ainda muito pouco ocupado. Contribui com o tema, disseminando a igualdade de gêneros e outros temas próximos, e o faz de forma discreta, natural, o que para esse fim parece uma boa decisão.

Contudo, falta ainda um peso maior à história, um aprofundamento nas motivações dos personagens, para que a produção tenha mais características próprias e se distancie da imediata comparação que pode ser feita com filmes que exploram cenário semelhante. Até aqui, na missão de contar uma história que valorize a diferença e particularidade de cada indivíduo, Mentes Sombrias não conseguiu ser diferente e tampouco particular.

Um Grande Momento
Ruby descobre o que aconteceu com seus pais

Ygor Moretti

Ygor Moretti Fioranti, paulista nascido em 1980 e formado em Letras, trabalha como designer gráfico. É poeta esporádico, contista por insistência... Santista, cinéfilo, rato de livrarias, sebos e bancas de jornal. Assisti e lê de tudo, de cinema europeu a Simpsons; de Calvin e Haroldo a Joseph Conrad. Mantém o blog Moviemento e colabora na sessão de cult movies com O Cinemista.
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