Mostra de Tiradentes

A cultura como alimento da alma

A abertura da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi marcada pela emoção e pela luta em defesa da cultura. Marcada por performances idealizadas por Grazi Medrado e Chico de Paula, as apresentações explicitaram a importância da cultura como espaço de exposição, encontro e confronto da diversidade, como algo fundamental para a compreensão de si e do próprio e, também, como válvula motriz da economia, desmistificando a ideia de que investir em arte não traz retorno.

A defesa da cultura também foi o tema do discurso de abertura de Raquel Hallak, coordenadora-geral da Mostra de Tiradentes. “Estar aqui hoje não é resistir e nem ocupar, é honrar com o compromisso de lutar pelo que é produzido no Brasil, pela pátria das nossas imagens, dos corpos que as fazem, dos que a reconhecem e aplaudem”, disse emocionada. Ao falar da importância do cinema para a vida, de maneira geral, Hallak destacou que as obras são resultado do trabalho de várias pessoas que querem contribuir como país, “querem colocar a cultura no plano central das grandes discussões da vida brasileira, um lugar de invocação e expressão da criatividade, que integra também o cenário do desenvolvimento econômico, socialmente justo e sustentável”.

Os diretores da Universo Produção Fernanda e Raquel Hallak e Quintino Vargas

Antes de encerrar, Hallack fez um convite ao público que lotava a Cine-Tenda, onde serão exibidos parte dos filmes selecionados para esta edição. Ela chamou todos os presentes a serem engrenagens nessa vida, pois é muito difícil imaginá-la sem cultura, sem cinema. “A Mostra de Cinema de Tiradentes é uma ação coletiva, necessária e vital para revelar o que nos move, o que nos faz sentir potentes, enquanto aprendemos a dançar na chuva até a tempestade passar”, disse. “O cinema molda o nosso olhar sobre o mundo e a arte nos faz melhores, mais humanos, mais tolerantes com as diferenças e nos ajuda a perceber que estamos no mesmo barco e que navegar é preciso”, completou.

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A noite também foi marcada pela homenagem à atriz mineira Grace Passô. Reconhecida hoje como uma das grandes atrizes em atividade no Brasil, Passô fez sua carreira no teatro e tem ainda poucos filmes em sua filmografia. Um pouco de sua forma de trabalhar e espalhar a arte foi apresentado ao público com a exibição de duas entrevistas com a atriz, uma de 2005 e outra de 2018. O anúncio da homenagem contou com mais uma performance, apresentada pela atriz Gláucia Vandeveld.

Passô foi aplaudida de pé por todo o público da Cine-Tenda e, acompanhada da mãe, Valdete Lino Paes Souza, recebeu o Troféu Barroco. “Nunca recebi uma homenagem dessa dimensão. Do fundo do coração, espero que muitas e muitos de vocês estejam se sentindo também homenageados com a minha presença aqui”, disse.

A cerimônia de abertura foi encerrada com a exibição da estreia de Passô na direção no média-metragem Vaga Carne, dirigido em parceria com Ricardo Alves Jr. A homenagem à atriz continuará nas telas, nos debates e até mesmo no palco em Tiradentes. No sábado (19), o público poderá assistir às suas atuações nos longas-metragens Elon não Acredita na Morte, de Ricardo Alves Jr. e Temporada, de André Novais Oliveira; à tarde ela será tema e estará presente no debate “A presença de Grace Passô”; na madrugada de sábado para domingo (20), estará também no palco da Cine-Tenda com a performance musical e audiovisual Grão da Imagem, ao lado do músico Barulhista.

A programação completa pode ser encontrada no site da Mostra de Tiradentes.

SERVIÇO

22ª Mostra de Cinema de Tiradentes
De 18 a 26 de janeiro de 2019
Locais: Centro Cultural Sesiminas Yves Alves, Largo das Fôrras, Largo da Rodoviária, Escola Estadual Basílio da Gama
PROGRAMAÇÃO GRATUITA
Patrocínio: TAESA, FURNAS, CBMM, CEMIG, COPASA|Governo de Minas Gerais
Parceria Cultural: SESC em Minas
Fomento: CODEMGE|Governo de Minas Gerais
Incentivo: Secretaria de Estado de Cultura
Idealização e realização: Universo Produção
Patrocínio: TAESA, FURNAS, CBMM, CEMIG, COPASA|Governo de Minas Gerais
Parceria Cultural: SESC em Minas
Fomento: CODEMGE|Governo de Minas Gerais
Incentivo: Secretaria de Estado de Cultura
Idealização e realização: Universo Produção

Fotos: Leo Lara e Beto Staino/Universo Produções

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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