Suspense
Direção: Marc Vigil
Elenco: Pedro Alonso, Nacho Fresneda, Carmina Barrios, José Ángel Egido, Àlex Monner, Raúl Prieto, Maite Sandoval, Javier Godino, Luis Zahera, Miguel de Lira, Zaira Romero, Joan Carreras, Enric Benavent, Pep Molina, Pep Ricart, Ferran Gadea
Roteiro: Juanjo Braulio (romance), Carlos de Pando, Sara Antuña
Duração: 92 min.
Nota: 3
Existem dois filmes em O Silêncio do Pântano: aquele que está na cabeça do diretor Marc Vigil e dos roteiristas Carlos de Pando e Sara Antuña, todos estreando no cinema; e o outro, que realmente se concretiza em tela. Baseado no romance de Juanjo Braulio, o longa disponível na Netflix vai buscar em referências comuns a vários gêneros, principalmente o suspense, um caminho para seguir.
Há toda uma elegância no começo, com cenas prolongadas que se dedicam à ambientação e procuram uma melhor representação estética. A transição entre linhas narrativas também é feita de maneira visualmente competente, com escuros e reflexos, mas uma trilha que já começa a demonstrar uma falta de mão. A coisa vai se complicando com o passar do tempo, quando uma das tramas se aprofunda, mas não consegue encontrar vigor algum.
Previsível, O Silêncio do Pântano tem a sua primeira grande queda quando se determina o mecanismo que será empregado, algo já muitas vezes visto e de óbvia antecipação. Além disso, Pedro Alonso, o Berlim de A Casa de Papel, não é tão bom ator para destacar as nuances necessárias ao personagem. Outras pequenas contradições também são percebidas, como o uso exagerado da trilha e, ao mesmo tempo, boas pausas silenciosas que estão ali, mas em quantidade menor do que o desejado.
Entre as narrativas, a confusão também aparece quando a conexão entre as tramas tenta se estabelecer. De todos os momentos de interseção apenas um é eficiente e consegue confundir o espectador, cumprindo sua função. Nos demais, o que se vê é apenas mais do mesmo e deixa uma sensação de tentativa de explicitação bastante negativa a qualquer thriller.
Com a falha na conexão, a trama que se sobrepõe não é interessante, perdida entre vários personagens estereotipados, eventos – há até uma procissão que surge do nada – e atuações canastronas. Se há algo que salva em O Silêncio no Pântano é mesmo a construção visual, algo que funciona bem na distinção de universos e a elegância de uma das tramas. Mas é pouco para fazer o conjunto funcionar.
E segue-se vendo O Silêncio do Pântano, sem tanto interesse, esperando que ele nos leve ao lugar para onde já sabíamos que iria nos levar. Um filme que tem tantos filmes em si, mas, pela inabilidade na manipulação de todos os seus elementos, morre na praia que, assim como a de Valência, nem de mar é na verdade.
Um Grande Momento:
O plano com os pássaros.
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