(Where'd You Go, Bernadette, EUA, 2019)
- Gênero: Comédia
- Direção: Richard Linklater
- Roteiro: Maria Semple (livro), Richard Linklater, Holly Gent, Vincent Palmo Jr.
- Elenco: Cate Blanchett, Billy Crudup, Emma Nelson, Kristen Wiig, Patrick Sebes, Zoe Chao, Lee Harrington, David Paymer, Megan Mullally, Laurence Fishburne, Steve Zahn
- Duração: 109 minutos
Quando Richard Linklater olha para a primeira vez para Bernadette, ela, ainda não revelada, é vista de longe, de cima. O quadro que pontua o azul do mar com caiaques coloridos é mais agradável visualmente do que esclarecedor, e começa a fazer sentido quando entra a narradora que, assim como o espectador, quer desvendar aquela personagem. Ela tem uma vantagem que aqueles que assistem ao filme não têm e é assim que tenta montar seu mosaico.
Cadê Você, Bernadette? é baseado no livro homônimo de Maria Semple e conta a história de uma mulher perdida em si mesmo, tão consumada pelo medo que deixou de viver. Arquiteta, não cria mais e mora em uma casa caindo aos pedaços, fato que Linklater faz questão de destacar. Ela vive sua vida de mãe sem preocupações além dessa. Quem dá vida à protagonista é a sempre competente Cate Blanchett (Blue Jasmine) e quem conta sua história é a filha adolescente.
Como todos os filmes do diretor, se há um foco bem delimitado, ele só faz sentido quando inserido em um todo. A atenção à sociedade, às relações, e as influências do indivíduo no todo e do todo no indivíduo fazem parte da construção narrativa. Afinal, é a relação – ou na não relação – de Bernadette com aqueles que a rodeiam que a revela.
Embora tenha uma protagonista interessante e encontre um bom fluxo a seguir, Cadê Você, Bernadette? tem apostas pouco convincentes, como a relação com a secretária virtual, e que só estão ali para justificar futuras viradas do roteiro. Claro que é algo que demarca o isolamento social, aquele que já está destacado na relação com a vizinha e mãe da escola, ou com o marido, mas vai longe demais.
Há ainda soluções fáceis para integração do roteiro, como apresentar o passado da arquiteta por um vídeo que é inserido no escopo narrativo a partir de encontro casual, ou na aproximação da bióloga. Tudo muito básico e carente de esforço, porém, não deixa de ser funcional. Além disso, o modo como são construídas as contradições entre a postura de Bernadette com o mundo e com sua filha é eficiente e faz bem ao filme, assim como cenas pontuais onde o humor aparece com mais força.
Cadê Você Bernadette?, voltando à vastidão do mar com pontinhos coloridos do início, é a história de busca pessoal, não são os outros que procuram por ela, mas ela quem precisa se encontrar. Não é um filme que vai ficar muito tempo na cabeça e nem mudar a vida de ninguém, mas tem uma história divertida e traz uma reflexão interessante. A atuação de Blanchett também faz valer a atenção. Não é nada demais, mas funciona.
Um Grande Momento:
Buscando o remédio.