(Adú, ESP, 2020)
Existem casos que o mesmo o “inferno das boas intenções” parece fácil de ser rechaçado. Afinal, as boas intenções muitas vezes estão ali para saldar dívidas brancas de culpas que não podem ser redimidas com sorrisos, arrependimentos e boas ações. Adú está aqui para mostrar como a certeza do erro não adianta nada se você não age, apenas aguarda que os céus lhe apareçam com uma redenção para que a câmera capte uma última imagem bonita para que você, literalmente, fique bem na foto. A cena que encerra uma das três histórias que se entrelaçam no longa de Salvador Calvo é a cereja de um bolo difícil de engolir.
Percorrendo inúmeros países como Senegal, Somália, Mauritânia para construir uma narrativa que assenta na fronteira entre o Marrocos e a Espanha, o surpreendente roteiro do premiado Alejandro Hernandes (de O Autor) constrói uma montanha de clichês que atiram para inúmeros lados e obviamente não consegue acertar a maioria. Aparentemente Adú deveria discutir a imigração ilegal e suas inúmeras complexidades, mas nada é bem apresentado – apenas cenas espetaculares e espetaculosas, que nada adiantam além de provocar um incômodo imediato que não leva a nenhuma emoção posterior. É a catarse pura que não justifica suas explosões momentâneas.
Apesar de apostar nesse tema, apenas uma das histórias tem o ponto de vista necessário à discussão, a do próprio imigrante. E, acreditem, essa fatia da trama parte não da “vontade em ter uma vida melhor” (como justifica a cartela final ao espectador), que não encontra esse respaldo no roteiro, já que os irmãos que saem do seu país o fazem obrigatoriamente, pois eram testemunhas acidentais de um crime. Essa é a única história que minimamente gera empatia, a do pequeno personagem-título, que passa por todos os périplos possíveis, literalmente por terra, céu e mar, a bordo da trilha de Roque Baños (de O Homem nas Trevas), que, assim como o roteirista, aqui deu uma folga ao próprio talento e compôs uma partitura lacrimosa e apelativa.
Uma das outras tramas tratam de um grupo de policiais de fronteira que “se envolve” na morte de um imigrante no exato momento em que ele tenta entrar no país. O filme investiga de maneira bem rasa as causas e efeitos… do trabalho desses profissionais!, logo qualquer lado da vítima (ou vítimas, no plural) é silenciado injustificadamente. Lógico que nunca compensaria, mas o filme não trata nem seu recorte profundamente suspeito com cuidado, dando pouquíssimo espaço para essa trama, apenas o suficiente para que lugares comuns surjam de vez em quando pela tela, como a cena em que a advogada visita o arrependido para contar os benefícios de falar a verdade.
A terceira trama é a mais inexplicável. Luis Tosar (o geralmente brilhante ator de Cela 211 e Segunda-feira ao Sol) vive um profissional de uma ONG que luta pela sobrevivência de elefantes africanos e vive em conflito com os locais. Motivo? Ele é o típico white savior e o filme deixa clara sua relação nociva com seu próprio trabalho e com pessoas que deveria também proteger. Lá pelas tantas, a filha desajustada adolescente do personagem vai morar com ele e ambos precisam “se reencontrar”. Ok, onde está a ligação temática com o resto do filme? Pois é, não tem. O que tem em muita quantidade é o tanto de buraco nessa fatia do roteiro e outro tanto de conveniências, além de uma obsessão por uma bicicleta que o espectador jura que servirá de elo com o resto da história… a toa, porque não, não une. É só uma bicicleta velha que roda em aviões por inúmeros países mesmo.
Ao menos não dá para acusar Adú de falta de ritmo, já que o filme prende atenção e é ágil. Ainda assim, a sensação de perda de tempo é inevitável, a não ser que o espectador seja fisgado por histórias sensacionalistas extremas envolvendo crianças, tais como Cafarnaum e Lion – ambas infinitamente superiores à essa produção. Quando você jura que tudo já foi visto, aparece também prostituição infanto-juvenil, tentativa de pedofilia, vício em drogas… e a lista de acontecimentos é longa.
Com um final inacreditável e a certeza de que, sim, o filme irá emocionar muita gente, Adú se equilibra até o fim no carisma infinito de Moustapha Oumarou, daquelas crianças inesquecíveis, que merecia uma narrativa mais bem desenvolvida do que essa.
Quer chorar? Veja esse filme. Mas é só. Triste do começo ao fim, muito sofrimento, assim como deve acontecer na África mesmo. Porém, nada se resolve, não tem justiça, não tem final feliz e nem se sabe o fim de Adu. Chorei, mas como está escrito na sinopse aqui, não tem resoluções para os sofrimentos.
agora entendi pq crítico por acaso kkkkkkkkkk.. aparentemente n entendeu nada do filme ou apenas que fazer aquela crítica pela crítica pra parecer diferentão e ”crítico” pra ganhar visão.
Que filme ruim, nenhuma ligação.
E a merda da bicicleta velha que todos esperam servir de prova ou ter uma ligação com a ONG. Péssimo enredo.
Achei que o filme tinha até continuação pq fiquei no vaco,a bicicleta foi mostrada o filme inteiro,que servia como prova,achei q a crianca iria encontrar a moça e assim desvendar oque realmente aconteceu mas não, o filme e bom,prende a atenção da gente,mas o fim é muito ruim.