- Gênero: Comédia
- Direção: Kimmy Gatewood
- Roteiro: Iliza Shlesinger
- Elenco: Iliza Shlesinger, Britney Young, Christopher Nicholas Smith, Adam Lustick, Alexander Roberts, Rebecca Rittenhouse, Rebekka Johnson, Ryan Hansen, Hunter Hill, Margaret Cho
- Duração: 92 minutos
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Mulher solteira procura por alguém, já que todo mundo vive falando que ela vai morrer sozinha. Em determinado momento, ela, cansada de buscar, sem grandes esperanças, vai diminuindo suas exigências e, quando vê, está num relacionamento tóxico com um cara meia boca. Aí ela quer sair fora e ele se mostra, olhem só, além de lixo, um chantagista que a faz se sentir horrível e duvidar de si. “Você não está pensando direito, amor.”
“Mas não é o que os homens fazem? Quando não conseguem o que querem, nos rotulam de loucas”.
À Segunda Vista “é uma história quase verdadeira baseada numa mentira”. Quando não conseguimos o que queremos, ainda terminamos com um coração partido e um processo judicial nas costas. Uma história universal, essa padronização dramática é seguida especialmente por várias mulheres e homens em relacionamentos nada saudáveis. No filme, quem vive e narra mais uma dessas sagas desastrosas é Andrea ou a comediante, roteirista e atriz Iliza Shlesinger.
O filme é bem econômico na sua construção visual e tem uma narrativa também super básica, mas que funciona ao girar o eixo para a mulher às turras com um namorado lunático, quando a indústria do cinema sempre fez o contrário: quantos filmes com ex-namoradas vingativas ou problemáticas já foram feitos?
Nem tão bom no papel, Dennis — o cara que a princípio é amigo, depois namorado e então ex vingativo — é manipulador, feio e logo a mulher engraçada que Andrea era vai murchando ao lado dele, este dá evasivas para ela não conhecer a mãe dele (está com câncer), não ser convidada a ir na casa dele (está em reforma) e mesmo quando está na companhia do primo dela que, assim como ele, estudou em Yale, dá um jeito de sumir de vista.
À Segunda Vista traz uma avalanche de clichês não de roteiros ou narrativas de filmes românticos, mas de coisas que os homens vão soltando pelo caminho, pérolas como “Tudo é melhor quando você está por perto” e outras frases que falam por falar e têm o efeito de deixar a mulher ansiosa e iludida.
“Não diga que é feminismo só porque está fazendo algo com o qual não concordo”
Dirigido por Kimmy Gatewood, À Segunda Vista traz ainda Margaret Cho simplesmente implacável é impagável como Margot, a misândrica. Ela tenta abrir os olhos de Andrea e falha miseravelmente, mas não deixar de mostrar apoio. Isso sem falar em Mac Viola como a colega de quarto meio gótica nada suave, que pinta quadros de pesadelos e solta tiradas ótimas como “tenho calafrios quando imagino o corpo dele nu, inclusive vou pintar agora.”
“Espere um pouco mais porque você não está errada”
A história vai se desenvolvendo e logo Andrea se vê questionando a si, tendo crises de ciúmes e de insegurança até se emputecer com Margot, que nota que ela está com o ego inflado e em disputa com uma mulher que nem liga pra ela (a insuportável e perfeita Serena). E não tarda que tudo mude, com direito até a uma passagem gore.
“É tão fácil para as mulheres. Por isso que caras como eu merecem mais”
A resolução de À Segunda Vista se apresenta numa guinada meio obscura até o desfecho, com a retribuição do ego ferido masculino descoberto. Iliza tem o timing que faltou um pouquinho a Amy Schürmann em Descompensada, de Judd Apatow. Ela é genuinamente engraçada, ansiosa, insegura e ligeira no stand up e na interpretação na história ficcional.
E tem rivalidade feminina? Tem, mas no desenvolvimento da história, À Segunda Vista mostra Andrea e Serena se ajudando — quer dizer, a insuportável atriz perfeita sendo obrigada a ser a side kick da comediante numa sequência atrapalhada.
Um grande momento
Outdoor comprado com o anel de noivado mais feio que já existiu
Fotos: Alex Lombardi / Netflix