- Gênero: Drama
- Direção: Arie Posin
- Roteiro: Marc Klein
- Elenco: Joey King, Kyle Allen, Kim Dickens, John Ortiz, Celeste O'Connor, Donna Biscoe, April Parker Jones, Leander Suleiman
- Duração: 115 minutos
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Se Ivani Ribeiro fosse fazer uma versão infantojuvenil de Ghost – Do Outro Lado da Vida, talvez veríamos algo muito parecido com Ainda Estou Aqui, estreia da Netflix que tem tudo para ser o próximo hit dessa semana na plataforma. Estrelado por Joey King, a eterna Elle da franquia Barraca do Beijo, o filme conta a história de um amor interrompido pela morte que está ainda naquele momento entre os dois mundos, daí o nome original “The In Between” ou “O Entre”. Ela, Tessa, é a sobrevivente que viu seu amor Skylar partir e não pode se despedir e nem disse tudo o que precisava para ele.
Com um roteiro bem básico, o longa começa com o momento da ruptura, deixando claras as opções estéticas para a exploração dos dois universos. Muitos efeitos visuais, alguns com cara de anos 1980 e outros mais modernos, se misturam nessa busca por atrativos para uma nova geração, assim como passagens marcadas por elementos atemporais como a trilha não original. A aposta também é alta no carisma da dupla de atores King e Kyle Allen (O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas), que até funciona bem ao que está proposto, mas precisa do apoio de personagens supérfluos à trama, como a melhor amiga cética ou a aleatória que tudo sabe.
O diretor Arie Posin (Uma Nova Chance para o Amor) faz o que está a seu alcance para que aquela conexão funcione a qualquer custo e tenta dar forma aos pouco críveis caminhos do roteiro. De fotografias que vão tornar-se resumo narrativo a cópias enviadas erradas ao cinema da cidade, é possível perceber as intenções por trás das escolhas, mesmo quando elas não funcionam totalmente. E se o background dos personagens nunca chega a ser mais do que apenas mencionado, a paixão e a dor da perda estão ali bem delimitadas. São elas que fazem Ainda Estou Aqui funcionar.
Por ampliar a associação, quando logo na abertura chama qualquer espectador ao afirmar que “toda história de amor é uma história de fantasma” vai além do metafísico dado e busca conexão com outras experiências vividas e ansiadas fora da tela. A história de Tessa e Skylar não tem nada de lógica e possível, mas representa aquilo que prega há séculos o ideal do amor romântico. O fato de ter personagens que não se sentem confortáveis com suas realidades, de certa maneira fortalece o vínculo.
Não há problemas em ser direto nessa busca por identificação, mas o mesmo não pode ser dito da falta de sutileza do resto do filme. Ainda Estou Aqui não consegue fugir de obviedades que o empobrecem terrivelmente, como o próprio fato da escolha da primeira cena, com Skylar desvanecendo, e a literalidade do coração partido — qualquer uso com coração é geralmente ruim — ou o insistente uso da canção do INXS “Never Tear Us Apart”. Assim, por mais que encontre a identificação e tenha lá seus bons momentos, como a conversa sobre finais felizes ou a apresentação para a mãe no final da prova de remo, afasta com a pouca crença na capacidade daqueles que assistem o filme em criar e estabelecer uma mínima história.
Porém, Ainda Estou Aqui é um filme que funciona enquanto o romance infantojuvenil que se propõe a ser, sem as condições de durabilidade daquele que o inspira e segue encantando gerações, Ghost, ou até mesmo os personagens da novela A Viagem. Vai ser bonitinho e fofinho com sua história e personagem impossíveis, mas funcionais.
Um grande momento
Analisando histórias no cinema